Frei Manuel de Santa Maria

Chamava-se Manuel Vieira e entrou para o Convento de Nossa Senhora dos Remédios em Lisboa a 8 de Dezembro de 1696, onde professou a 14 de Dezembro de 1697, adoptando o nome de  Frei Manoel de Santa Maria.

Era natural dos Vales que na altura era um lugar da freguesia de São João da Vila de Porto de Mós, Bispado de Leiria, e era filho legítimo de João Pires e de sua mulher Catharina Vieira.

Lê-se num manuscrito existente na Biblioteca Nacional de Lisboa, intitulado “Cronologia da Província de São Filippe de Carmelitas Descalços, do Reyno de Portugal e suas Conquistas”, volume 3º, próximo do fim:

“Aos 8 dias do mez de Dezembro de 1696, das cinco para as seis horas da tarde tomou o habito de Nossa Sagrada Religião, na igreja, o irmão frey Manoel de Santa Maria que no mundo se chamaua Manoel Vieyra filho legitimo de João Pires, e de Catharina Vieyra moradores nos Vales de Ourem termo de Porto de Moz, Bispado de Leiria, sendo geral de Nossa Sagrada Religião Nosso Reuerendo padre frey João da Anunciação Prouincial desta prouincia o reuerendo padre frey Leonardo da Em Carnação, prior deste Conuento Nosso padre frey Manoel de Santo Alberto mestre de Nouiços o padre frey André de São João Baptista: fizeram-se as perguntas ao sobredito irmão, que manda o nosso capitulo geral, e dise aceitaua o Santo Habito com as ditas condiçois e com condição de hir para os nossos Conuentos ultramarinos todas as vezes que o mandarem. Aprouado nos primeiros uotos aos 12 de Abril de 1697. Aprouado nos nossos uotos aos 11 de Agosto de 1697.”

Em 1700 mandaram-no estudar Filosofia no Colégio de Nossa Senhora do Carmo de Figueiró dos Vinhos, que era um colégio masculino e pertencia à Ordem dos Carmelitas Descalços. Aí permaneceu por três anos.

No triénio seguinte estudou teologia para Colégio de São José em Coimbra, e em 1706 passou para o Colégio de Nossa Senhora do Carmo em Viana do Castelo onde estudou Moral.

Um ano depois deu por terminados os estudos e entrou no Convento Ermítico de Santa Cruz do Buçaco a 6 de Setembro de 1709 onde permaneceu até 1713. Depois ordenaram-lhe que fosse para o Convento de Nossa Senhora da Encarnação em Olhalvo que também pertencia à ordem dos Carmelitas Descalços.

Faleceu na freguesia de Olhalvo no Concelho de Alenquer a 20 de Agosto de 1715, com a idade de 39 anos, tendo de hábito 18 anos e 8 meses e doze dias.

Para perpetuar o seu nome ficou a chamar-se Rua de Frei Manuel de Santa Maria à rua que, nos Casais dos Vales, desce em direcção aos Vales.

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3 respostas a Frei Manuel de Santa Maria

  1. Franklim diz:

    Enfim … vale o que vale e, mais, parece não poderá ser aferido…
    Mas gostei de saber que a rua tem um nome e o porquê d
    esse nome !

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  2. Jorge Reis Amado diz:

    A atribuição do nome «Rua de Frei Manuel de Santa Maria […] que, nos Casais dos Vales, desce em direcção aos Vales» neste mesmo local suscita-me uma dúvida, que passo a expor:

    No texto citado, a itálico, é afirmado que «Manoel Vieyra [era] filho legítimo de João Pires, e de Catharina Vieyra moradores nos Vales de Ourem».
    Ora, no Alqueidão, a designação que conheço mais aproximada de «Vales de Ourem» é vale de Ourém (ou vale de Eirém, na fala local), mas de localização diversa; ou seja, o vale de Ourém situa-se na serra de Aire, entre a cabeça do Sol e o chão Vermelho, logo a seguir às pedreiras de calcário branco aí existentes.

    Terá o nome deste arruamento sido atribuído com propriedade? Fico na dúvida.

    Cumprimentos

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    • Carlos Vieira diz:

      Vales de Ourém – Na realidade, ninguém de nós se lembra de ouvir o nome do, hoje,lugar da nossa freguesia, VALES, com o determinativo, De Ourém. O certo é que está correcto, e que se está mesmo a falar dos ainda actuais -Vales.

      Se lermos as Memórias paroquiais, mandadas fazer logo após o Terramoto de 1755,pedidas a todos os Párocos de freguesia, e transcritas no Dicionário Geográfico do P.Luis Cardoso, em resposta à questão Nº6 sobre os lugares da freguesia de S. joão de Porto de Mós, lá se lê :

      ” Esta freguesia está situada dentro da mesma Vila, (Porto de Mós), tem treze lugares a saber: Eiras da Lagoa, Valles de Ourém,Carreirancha,.”……..etc. Sabemos que esta parte hoje pertencente à freguesia do Alqueidão da Serra, só passou a ser da nossa freguesia numa das várias reformas administrativas do séc. XlX.

      O Alqueidão da Serra, continuava só com a parte separada do Reguengo do Fetal em l6l5.Esta memória foi escrita e assinada pelo cura pároco de São João.

      Mais, nas mesmas Memórias Paroquiais, mas,na referente a Alqueidão da Serra, e escrita pelo Cura, P. Sebastião Vaz, em 1758, e transcrita no Dicionário referido, e ao mencionar os lugares da então nossa freguesia/paróquia, lá se lê que Alqueidão da Serra tem, entre outros, um lugar de nome, Vale de Ourém. Como hoje mais popularmente o povo diz de Vale d’Eirém, que hoje já não é habitado, mas ao tempo, era, tal como os Vales, então de Ourém. São pois dois lugares distintos, o último, desde sempre integrou a nossa freguesia, o primeiro, só no séc. XlX.

      Tanto num como noutro, porquê o determinativo de Ourém? (que no segundo se mantém o no primeiro dos Vales, se perdeu?).

      Várias hipóteses podemos lançar, mas para já só teorias: Todos estes territórios que iam desde Porto de Mós a Ourém, pertenciam ao Conde de Ourém, herdeiro da Casa de Bragança, por parte de D. Nuno Alvares Pereira.

      O Conde de Ourém, além de residir no Castelo de Ourém, de que era senhor, era também senhor do Castelo de Porto de Mós, onde fez grandes obras, e passava longos tempos. Esta gente senhorial, além de receber as rendas dos moradores que cultivavam suas terras, adoravam caçar.

      Além dos bons terrenos e planaltos por aqui existentes, abundavam as florestas e caça (ainda hoje, os vales têm uma das maiores manchas de carvalho da zona).

      Mais, a estrada, talvez, a única, ou a melhor, de Porto de Mós para Ourém, (a que já D. Nuno usou para a Batalha de Aljubarrota) era a nossa Estrada Romana, que passa rente aos vales, lá em cima na serra do nosso Vale d,Eirém, etc.

      Terá sido o nome do Conde de OURÉM , suas terras, senhorios , e trajectos a cavalo, a dar o determinativo . DE OURÉM. Será? Deixo à considerção.

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