O Novo Pároco

Em Junho de 2017 o Bispo de Leiria-Fátima, Senhor D. António Marto, tornou públicas as alterações no serviço eclesial. Para o Alqueidão da Serra e Alcaria foi nomeado o P. Vítor José Mira de Jesus.

Quem é o novo pároco que vem substituir o Padre Manuel Vitor de Pina Pedro?

O padre Américo Ferreira elaborou uma biografia para nos dar a conhecer o percurso de vida do novo pároco que a nossa freguesia vai receber, lá para Setembro.

“Vítor Manuel Mira de Jesus  nasceu no lugar de Moinhos, paróquia e freguesia de Carvide, no dia 10 de Junho de 1967, filho de José de Jesus e de Salatina Mira.

No  ano lectivo de 1980, ao que julgo, ingressou  no Seminário Diocesano de Leiria, para frequentar o 7º ano de escolaridade.

Terminado  o 12º de escolaridade no Seminário, fez exame, na área de Humanidades,  no Liceu de Leiria, obtendo boa classificação.

E na intimidade da oração,  apercebe-se que Deus o chama para o  serviço exclusivo do  seu Povo e  iniciou, no Seminário Maior de Leiria, o  Curso Filosófico – Teológico.

Concluído  o Curso de Teologia,  foi ordenado sacerdote com  quatro condiscípulos por D. Alberto Cosme do Amaral, no Santuário de Fátima,  no dia 5 de Julho de e 1992.

Celebrou as  suas bodas de prata sacerdotais na quarta – feira, dia 5 de Julho.

O P. Vitor Mira foi meu aluno durante 11 anos, desde o 7º  ano de escolaridade até terminar o Curso de Teologia. Leccionei  e  com ele  aprendi Inglês, Filosofia e Teologia. Era  um aluno  atento, diligente, dialogante, disciplinado e disciplinador. Simpático  e acolhedor, afável, serviçal e colaborante, criava ambientes sadios na Comunidade educativa do Seminário: professores e alunos.

Esforçado no desporto, tinha uma predilecção e apetência especial pelo  teatro. Como actor principal, em  múltiplas temas  dramáticos,  enchia o palco do Seminário e o palco de muitas paróquias  e Instituições  com a  arte de bem representar e deleitava a plateia com  a mestria da sua actuação.

Para exemplo, de  entre outras:   “As árvores morrem de pé” que, como Palmira Bastos, no Teatro Nacional D. Maria II, personificava  o  papel de avô/ avó.

Amigo da família, auxiliava  os seus pais, nas  férias do Verão e com eles colaborava na sua actividade comercial, na área da praia do Pedrógão e no parque de campismo.

O P. Vitor Mira, pouco tempo antes da ordenação havia confiado  ao Reitor do Seminário, cargo que, ao tempo,  exercia que, oportunamente, desejaria fazer uma experiência missionária em terras de África.

O espírito missionário devorava-o e inquietava-o.

Poucos meses depois da sua ordenação sacerdotal,  pediu ao Senhor bispo para fazer essa experiência em Angola.

Em inícios  1993,  partiu para esse país africano, ao tempo, envolvido em penosa guerra civil.

Como Abraão, deixou  a sua terra,  a sua família  e partiu para o desconhecido. Na linha do Evangelho vai  sem nada: sem saco, sem bolsa, sem qualquer  ambição pessoal, apoiado tão somente no bordão da fé da confiança em Deus.

Entranha-se em África, com  o destino à diocese de Novo Redondo, cujo bispo o recebe e o acolhe. Num jeep velho da Diocese, embrenha-se numa região de acessos difíceis, numa população abandonada, habitando um extenso território, com a área de mais de dois mil quilómetros quadrados, mais tarde designada por missão do Gungo.

Entre 1993 e 1996 o P. Vítor conheceu a difícil realidade do Gungo, identificando as suas mais graves carências e percebendo a realidade daquela zona de Angola, densidade populacional,  hipotéticos locais para o culto.

Facilitou os contactos com as pessoas, partilhou  com elas sorrisos e amizades, sempre disponível para minimizar os seus abandonos.

Buscou, na oração e no recolhimento silencioso, respostas, as mais adequadas para encarar e  acudir aos graves problemas religiosos, económicos  e sociais daquela pobre gente, anónima, abandonada, desprotegida.

Periodicamente, vem a Leiria mendigar auxílio para as suas pobres e martirizadas gentes  E  a imprensa regional  refere-se a múltiplas campanhas de solidariedade que o P.  Vítor empreende.

E são muitos os contentores, que, periodicamente, desde 1997 e até aos nossos dias,  rasgam o mar atlântico, inchados de vestuário, géneros alimentícios, medicamentos, destinados, nos primeiros anos, à Caritas da diocese de Novo Redondo e, sucessivamente : livros, lápis, cadernos escolares e materiais de construção, pás, enxadas e picaretas, cimento, tijolo, telha, geradores de energia eléctrica e até um jeep para facilitar as  deslocações  dos responsáveis da missão através das longas  e ínvias picadas do Gungo.

Entretanto, o Senhor bispo chamou-o para o serviço do Seminário diocesano. Disponível, feliz, assumiu ali, e durante um ano, as funções de educador e ecónomo.

Em 1997, o Senhor bispo nomeou – o pároco da freguesia de Regueira de Pontes e responsável diocesano da animação missionária.

Dedicou-se aos seus paroquianos com solicitude e espírito sacerdotal  e  bateu -se pela  sua promoção religiosa e social e espírito missionário.

E de quando em vez faz caminho até terras de Àfrica,  para, na  diocese de Novo Redondo,   visitar e animar aquelas pequenas comunidade ou grupos que conhecera na região do Gungo.

Alguns leigos, em regime de voluntariado, acompanham-no para, temporariamente, o ajudarem  a  minorar alguns problemas daquelas gentes carenciadas quase de tudo: de  compreensão,  de cuidados de saúde, de escolas ,de agasalho de paz e de pão.

A capela do lugar Chãs, ao tempo, não oferecia garantias de estabilidade  nem de espaços adequados para o exercício do culto.

Consultada a Comunidade local, o P. Vítor Mira empreendeu a construção dum novo templo. Antes, porém, transmitiu aos arquitectos a  sua concepção de arte sacra no  espaço litúrgico.

Concluída que foi a construção, a igreja das Chãs emerge de entre as boas realizações arquitectónicas e artísticas da Diocese e do país, pela harmonia  conceptual dos seus espaços  e  direccionada  convergência  da sua luz.

Responsável pela animação missionária, durante onze anos insuflou o espírito de missão, nos seus paroquianos de Regueira de Pontes  e continuou a dinamizar e incrementar esse espírito através da Diocese.

Deixou Regueira de Pontes entre lágrimas de saudade e gratidão.

Mas à dor da despedida Pe Vítor respondeu com o espírito de obediência  ao  Senhor bispo que o nomeou-o  pároco das freguesia de Urqueira e Casal dos Bernardos.

Com dinamismo e espírito renovado, abeirou-se de todos, privilegiando os mais desprotegidos da sorte e incutiu neles um inquietante e renovado dinamismo,  despertando-os para o espírito missionário da Igreja, aberto ao bem comum e à salvação de todos os povos.

Empreendedor, entusiasta, imbuído de espírito apostólico, comprometido com o bem dos irmãos atribulados de Angola, terminado o múnus pastoral que lhe foi confiado naquelas paróquias, com o entusiasmo da primeira hora e com a permissão e incitamento do Senhor bispo regressou às terras de Angola para confortar como seu sorriso largo e disponibilidade interior aquela gente sofredora, mormente  as crianças e  adultos e dar continuidade à obra de evangelização e de bem fazer na diocese de Novo Redondo, na  região do Gungo.

Em 1999  o P. Vítor  criou o  grupo missionário  com o nome Ondjeyetu (a nossa Casa), grupo este que o bispo  de Leiria – Fátima acolheu e acarinhou o que deu novo dinamismo á causa das missões.

Em 2000, na sequência  da acção e iniciativas empreendidas pelo P. Vítor, o bispo de Novo Redondo acolheu o dinamismo e interesse do grupo missionário de Leiria e surgiu  o projecto ASA- Acção Solidária com Angola, coordenado pelo Pe Vitor.

A partir desse ano, sucedem-se  grupos de voluntários missionários leigos que partilham o ser  e seu o  saber  com os  irmãos africanos nas tarefas da  evangelização.

Dão formação sobre a vida conjugal e familiar, apoio na pastoral da saúde, na solidariedade com as famílias mais desfavorecidas, nas tarefas da  alfabetização do povo,  num desafio permanente de partir  e ir  ao encontro dos mais isolados.

Em 2004,  sete leigos em regime de voluntariado,  estabeleceram-se  no Gungo  por alguns meses, assistidos espiritualmente  pelo P. Vítor e  P. David Nogueira, este, a partir do ano  de 2005.  Esta  e  muitas outras acções missionárias visavam  planear  a geminação entre  as  dioceses  de Leiria – Fátima e  Novo Redondo.

O projecto de geminação foi  oficializado em 25 de Março de 2006, projecto missionário de inter ajuda entre as  duas dioceses, dando continuidade à ligação afectiva e efectiva de mais de dez anos, alimentada sobretudo pela actividade entusiasta  e dinâmica do P Vítor e que tem em  vista   apoiar o desenvolvimento integral das populações, prevendo ademais, a vinda de sacerdotes, e leigos para diocese de Leiria – Fátima para partilha de experiências pastorais.

Desde Outubro de 2006, a diocese de Novo Redondo começou a designar-se  por diocese do Sumbe.

Com a ida do Pe David Nogueira para o Gungo, em 2016, o  P.Vítor Mira  devido  em parte, à doença de sua mãe, por quem sempre nutriu um desvelado carinho, regressou à sua Diocese de Leiria.

Desde 2006, ano  da geminação e até  2016, pedi ao vosso novo Pároco, que vos relate  o que aconteceu.

Estas  são apenas umas ténues pinceladas da mui nobre e fecunda sementeira de bem que o vosso novo Pároco prodigalizou às gentes de Angola.

Desde  1993,  o ardor eclesial do P. Vítor empreendeu campanhas que encheram de solidariedade sucessivos e generosos contentores e o seu contagioso  empenho missionário despertou as boas vontades  de muitas pessoas que se disponibilizaram  a  partir.

Voluntários leigos, animados de espírito missionário, temporariamente, vão – se sucedendo até aos nossos dias, partilhando o seu ser e o seu  viver com as gentes da missão do Gungo: homens e mulheres, pedreiros, carpinteiros, estudantes, professores, enfermeiros e médicos.

Na pista gloriosa dos nossos missionários que, na era de Quinhentos, escreveram   Portugal na cruz das caravelas e dilataram a fé nos vários quadrantes do mundo, o  P. Vítor Mira, com o seu  terço no bolso e o seu amor no coração continuou a escrever estâncias de  Camões e o seu dinamismo,  generosidade e crescente entusiasmo  são estrofes da mesma epopeia.”

 16 de Julho de 2017

A.F.

 

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Uma resposta a O Novo Pároco

  1. Obrigado P.e Américo por esta sua partilha. Gostei.
    O P.e Vítor teve um bom mestre! Vai fazer coisas interessantes no Alqueidão, certamente e o Alqueidão saberá retribuir! A nossa expectativa é grande.

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