Antigamente a principal actividade a que se dedicavam as pessoas da aldeia, era a Agricultura.
Era uma actividade difícil e dura devido à aspereza dos solos, à falta de acessos e ao facto de as pequenas parcelas de terreno que se podia cultivar estarem muito repartidas.
Os Pregais: Eram pequenas áreas cultiváveis.
A Várzea: Era a zona mais apta para a agricultura, com óptimos terrenos para batatas, trigo, milho, vinha, pomares e hortas. Por ser de regadio, todos desejavam lá ter um “talho” (pequena parcela de terreno).
O Padre Joaquim Vieira da Rosa mandou abrir um poço na Várzea, num terreno do seu pai, por volta do ano de 1890, para aproveitar a água da chuva. Com grande surpresa de todos apareceu uma forte nascente a cerca de quatro metros de profundidade.
Logo a seguir o seu vizinho Joaquim Sapateiro abriu também um poço num terreno contíguo, e também ficou com água da nascente. A abertura de poços na Várzea generalizou-se em poucos anos.
A descoberta de água subterrânea nestes terrenos deu à população a possibilidade de produção de todas as espécies de vegetais, até então impraticável devido à ausência de água no verão.
Todos os poços da Várzea tinham água da nascente, tal como as bicas da fonte que corriam dia e noite, sem nunca parar, e onde toda a gente ia buscar água para o uso diário.
Ao longo dos anos a actividade agrícola diminuiu consideravelmente. Para isso contribuíram vários factores como por exemplo a emigração, a exploração de pedreiras, etc.
A construção de novas casas de habitação ocupou grande parte dos terrenos agrícolas, mas ainda existem as hortas, perto de casa, e os terrenos na serra que são bastante produtivos.
Nomes das Terras de Cultivo
Pregais:
Carvalheira, Vale Peirão, Valicova, Cabeça, Pregal do Orfão, , Cabra Tinta, Manga Branca, Gateira, Gafaria, Bacalhoas, Borranheiras, Fornecos, Vale do Hospital, Mourão, Moirãs, Vale, Borda da Costa, Vale das Matas, Tojeira, Tojeiros, Trás da Tojeira, Barreiro da Laje, Cumeira, Vale dos Carvalhos, Pregueiras, Chã, Vale da Moita Longa, Cortinas, Vale do Alfaiate, Vale Poisio, Carrasqueiras, Carreira da Serra, Vale das Guiãs, Vale das Freiras, Mangas do Goivado, Vale Sobreiro.
Terras Mais Férteis – Várzea
Várzea, Cabo da Várzea, Talho do Poço, Prazo, Escorial, Capelas, Fonte, Cimo da Fonte, Lagar da Fonte, Ribeiro, Culiana, Falgar, Talho Traquinas, Zambujal, Talho da Presa, Santo Estêvão, Cunca, Pelingrim, Ribeira, Barradas, Vieiros, Caminho Velho, Lagoa de Santa Catarina.
Terrenos na Serra
Penedo Grande, Vale de Ourém, Barbeira, Penedo da Veia, Covão do Corso, Curral das Vacas, Serra Travessa, Algarão, Portela Branca, Portela onde Morreu o Cavalo, Chão Falcão, Chão Nogueira, Maçadal, Poço Salgueiro, Casais Campeiros, Casal Leonor, Cabeça do Sol, Coisas da Velha, Andorinha, Murada, Covão do Espinheiro, Chão Castelo, Canivete, Covão da Micha, Serra Galega, Vale d’algar.
Covão da Micha
Um covão é uma cova de proporções fora do vulgar, mas, de onde lhe terá vindo o nome “micha”?.
Segundo vem nos bons dicionários da nossa língua, a “micha” é o nome da fatia que se corta do pão feito com várias farinhas: milho, centeio e rolão de trigo, ou cevada.
Seria que o milho e, mais raramente, o trigo provenientes das fazendas exploradas naquele Covão, devido a qualquer inferioridade natural apenas dessem farinha micha e, portanto, pão micho ou de mistura?
Que no Alqueidão havia quem tivesse relações com o fabrico ou o consumo de pão micho, é coisa garantida pelo Registo Paroquial. No livro de óbitos, relativo a 1861, refere que, a 30 de Janeiro, faleceu em Casais dos Vales, Luísa Micheira a qual foi sepultada no adro.
Cunca
Cunca é palavra desaparecida entre as pessoas do Alqueidão, para designar objecto de uso caseiro ao serviço da cozinha. Noutros tempos, tratava-se por este nome uma espécie de tigela de pau vulgarmente empregada para beber água.
Mas se a palavra “cunca” desapareceu por se ter deixado de usar na cozinha a malga ou tigela que a palavra significava, ela mantém-se viva para classificar uma zona rural perto do povoado – a Cunca.
De onde terá nascido este nome? De alguma semelhança entre a malga e a reentrância no monte da Cabeça que, em anfiteatro, desenha uma parte do bordo de uma grande malga?
Antigamente existiam na Cunca pequenas escavações naturais que apresentavam as laijas fixas que se estendiam pela encosta. Elas eram praticamente incontáveis. A melhor forma para as descobrir era, depois da queda de um forte bátega de água que as enchesse, esperar que o sol fizesse um espelho da superfície de cada uma delas.
A estas pequenas concavidades naturais dava-se o nome de pias. Era a elas que, devido a seu formato, antigamente se chamava cuncas. Das inúmeras e variadas cuncas, que existiam espalhadas por toda aquela área, lhe veio o nome de Cunca.