A Cruzada Eucaristica

A Cruzada Eucarística das crianças foi fundada em 1916 pelo Papa Bento XV, e chegou a Portugal em 1921. É a secção infantil do Apostolado da Oração – uma piedosa união de meninos e meninas de todo o mundo católico, para alcançar a conversão das nações e a restauração cristã da sua pátria.

Chama-se Cruzada, porque à semelhança dos guerreiros antigos, que foram ao Oriente combater os infiéis e libertar os Lugares Santos, a Cruzada Eucarística das Crianças procura libertar as almas e as nações do jugo do demónio, para que nelas só reine Jesus Cristo. Eucarística – porque a sua grande arma de combate é a Comunhão frequente.

O Grupo da Cruzada Eucarística das Crianças, em Alqueidão da Serra, na década de 30, era dirigido e orientado pelo padre Henrique Antunes Fernandes.

Padre Henrique e Cruzada Eucaristica1938

A Cruzada tinha um objectivo cristão e pedagógico bem definido. Regia-se pelos estatutos do Apostolado da Oração. Propunha  converter todas as crianças católicas em apóstolos do Reino de Deus, e as armas utilizadas eram: a oração, pequenos sacrifícios e a comunhão frequente.

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O grupo das Crianças da Cruzada Eucarística participava nos encontros e nas festas religiosas que se realizavam em Fátima, em Porto de Mós, e noutros lugares próximos.

Estavam presentes nas celebrações do dia 8 de Dezembro de 1936 em Porto de Mós, quando o edifício onde se encontravam ruíu. Muitas delas perderam a vida, bem como os adultos que as acompanhavam.

O Desastre da Escola

“ Às quatro horas e um quarto, do dia 8 de Dezembro de 1936, na escola que aqui existiu [onde hoje existe o quartel dos bombeiros voluntários], morreram, em poucos minutos, 36 crianças, de idades entre os 9 e os 11 anos. Mais cerca de 200 pessoas ficaram feridas.

O pároco de S. Pedro, Revdº Francisco Carreira Poças, em colaboração com o de S. João, Revdº Manuel Carreira Poças, resolveram fundar a Juventude da Acção Católica, em Porto de Mós. E chegara o tempo de formalizar a nova instituição. Far-se-ia uma grande reunião de jovens e falaria a todos o Revdº. Dr. Galamba de Oliveira, de Leiria.

A sala escolhida, à falta de outra julgada melhor, foi a do segundo piso da escola, lado sul, onde leccionava o prof. Lalanda Ribeiro, e a data, o dia 8 de Dezembro, festa de Nossa Senhora da Conceição.

Entre as crianças que se encaminharam para a escola, sobressaiam as da Cruzada Eucarística, em seus fatinhos brancos e cruz vermelha sobre o peito. Iam com fé, com alegria; riam e cantavam. Os pais, os familiares, associavam-se-lhes, comungavam a sua alegria e a sua fé. Sentiam todos, no coração, que iam viver uma linda festa.

Pelas 16 horas, o Revdº. Pe. Dr. Galamba de Oliveira, com o presidente da Câmara, Dr. Afonso Baptista, e outras individualidades presentes, assumiu a presidência. Na sala, homens e rapazes e homens, do lado direito, meninas e meninos da Cruzada Eucarística, ao centro, todos se comprimem uns contra os outros, pela escassez de espaço.

Havia pessoas sentadas nas janelas, havia os muitos que ficaram no átrio e nos corredores.

O Dr. Galamba anuncia que vai eleger-se o presidente da Juventude da Acção Católica, começa algumas explicações prévias e ouve-se um estalo de madeira a rasgar, soa um estrondo medonho, em uníssono com um pavoroso grito humano; o pavimento abre-se ao meio, longitudinalmente, onde estão as crianças; bate no pavimento do rés-do-chão; este abre-se, também, dando mais cerca de três metros àquele fatídico funil.

Grita-se até poder; levantam-se braços; estendem-se mãos; imploram-se auxílios impossíveis.”.

(Texto de João Matias na primeira evocação do desastre da escola).

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