No reinado de D. João III e a pedido deste nosso rei, foi criada a diocese de Leiria. O Papa Paulo III criou a nossa diocese em 22 de Maio de 1545. Até esta data Leiria pertencia à Diocese de Coimbra.
A diocese de Leiria desde logo começou a ser conhecida pelo fervor religioso dos seus fiéis: “diocese que pela respeitabilidade do Clero que formara havia merecido os gloriosos títulos de “Flor das Dioceses” e “Jardim da Igreja”.
No decorrer do século XIX verificou-se da parte dos Governos Constitucionais grande preocupação em acabar com algumas dioceses. Para o efeito apresentavam motivos económicos, isto apenas para disfarçar as suas intenções nada favoráveis à Igreja. No fundo foram “as necessidades da politica que tudo subverteram”.
E assim com grande tristeza de todos os diocesanos e clérigos de Leiria, a diocese de Leiria foi extinta (acabada) e de novo anexada a Coimbra.
A extinção teve lugar em 4 de Setembro de 1882.
Este facto causou grande descontentamento em todos. Julgaram-se vitimas de injustiça. Nem o povo nem o Clero entenderam a razão para isto, pois todos tratavam o seu Bispo o melhor possível, amavam-no e queriam a sua Diocese.
Não conformados com esta extinção, padres e leigos lutaram pela sua diocese. Teve aqui um papel muito importante um padre da nossa terra, o Padre Júlio Pereira Roque, conhecido jornalista pelo nome JUPERO.
O Padre Júlio abriu no jornal “o Portomosense” de 21 de Setembro de 1903 uma campanha entusiasta sob o título “Um Alvitre – O Bispado de Leiria”. O grito com que terminava esta série de artigos, incendiou os ânimos dos Leirienses e despertou o país inteiro para a injustiça que tinha sido a extinção da Diocese de Leiria, e para a urgência de a reparar: “Avante pois, e não descansemos, lutemos com perseverança, lutemos unidos que havemos de ter a vitória”.
O Padre José Ferreira de Lacerda, seguindo as pisadas de Vitorino Araújo, obtendo a preciosa colaboração de JUPERO, e nunca se vergando às dificuldades, encetou uma derradeira batalha em 1913, por ocasião do falecimento do Bispo de Coimbra.
Os obstáculos e os entraves foram muitos, mas os esforços dos que se empenharam nesta luta acabaram por ser coroados de êxito ao fim de cinco anos.
Assim em 17 de Janeiro de 1918 tocaram os sinos de Leiria. O Papa Bento XV restaurava a Diocese de Leiria, com a Bula “Quo vehementius”. Agora éramos de novo diocesanos de Leiria, íamos ter o nosso Bispo.
Lista de Bispos que governaram Leiria:
- D. Frei Brás de Barros, 1545-1556
- D. Sancho de Noronha
- D. Frei Gaspar do Casal, 1557-1579
- D.António Pinheiro, 1579-1582
- D. Pedro de Castilho, 1583-1604
- D. Martim Afonso de Mexia, 1605-1615 – Foi este Bispo que criou a freguesia de Alqueidão da Serra
- D. António de Santa Maria, 1616-1623.
- D. Francisco de Menezes, 1625-1627.
- D. Dinis de Melo e Castro, 1627-1636.
- D. Diogo de Sousa.
- D. Diogo de Mascarenhas.
- D. Pedro Vieira da Silva, 1670-1676.
- D. Frei Domingos de Gusmão, 1677-1678.
- D. Frei José de Lencastre, 1681-1694.
- D. Álvaro Abranches de Noronha, 1694-1746.
- D. Frei João de Nossa Senhora da Porta, 1746-1760.
- D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa, 1761-1779.
- D. António Bonifácio Coelho.
- D. Lourenço de Lencastre, 1780-1790.
- D. Manuel de Aguiar, 1790-1815. Fundador do Hospital de Leiria.
- D. João Inácio da Fonseca Manso, 1818-1834.
- D .Guilherme Henriques de Carvalho, 1834-1845.
- D. Manuel José da Costa, 1846-1851
- D. Joaquim Pereira Ferraz, 1852-1873.
- Em 1882 foi extinta a Diocese de Leiria. Quase desde a sua fundação, em 1545, até à sua extinção em 1882, a diocese teve como paço episcopal o edifício mandado fazer pelo seu primeiro bispo, D. Frei Brás de Barros, no largo defronte às Portas do Castelo. O Edificio foi nacionalizado pela Republica de 1910. Atualmente é ocupado pela PSP.
- D. José Alves Correia da Silva, 1920-1958 – Bispo nos anos seguintes às Aparições de Fátima.
- D, João Pereira Venâncio, 1958-1972
- D. Domingos de Pinho Brandão
- D. Alberto Cosme do Amaral, 1972-1993
Por decreto da Congregação dos Bispos, de 13 de Maio de 1984, confirmado pela bula pontifícia “Que pietate” do Papa João Paulo II, a nossa Diocese passou a chamar-se Diocese de Leiria-Fátima.
Nota: Para a elaboração deste texto recorri a escritos de Alfredo de Matos e de A. Zuquete e aos livros de actas existentes do Cartório Paroquial de Alqueidão da Serra.
Á lista dos Bispos atrás descrita pode acrescentar-se agora:
- D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva que renunciou ao governo da diocese a 22 de abril de 2006
- D. António Marto – Foi nomeado bispo de Leiria-Fátima, em 22 de Abril de 2006, sucedendo a Serafim de Sousa Ferreira e Silva.