A Cabra Cega

Neste jogo participavam rapazes e raparigas sem limite de conta, dispostos indiferentemente quanto ao sexo, de forma a formarem círculo.

No meio da roda, ficava um dos participantes que tanto podia ser rapariga como rapaz. Era a “Cabra-Cega”. Para ela efectivamente ficar “cega” vendavam-lhe os olhos por meio dum lenço bem apertadinho sobre eles. Com este preparo todo, um dos elementos constituintes do círculo perguntava-lhe:

– “Cabra-Cega, de onde vens?””

– “Venho de trás daquela serra…”

– “Que comeste por lá?”

– “Pão e vinho…”

– “Dás-me um bocadinho?”

– “Vem atrás do meu rabinho…”

E, caminhando vagarosamente ainda com os olhos vendados, ia chamando o interlocutor para este lhe seguir o “rabinho”.

Terminado este jogo, repetem-se outros pelo mesmo estilo.

Cada uma das jogadas era tanto mais prolongável, quantas mais vezes se proporcionasse a ocasião de perguntar à “Cabra-Cega”:

– “Que comeste por lá?”

Se ela tivesse imaginação e espírito reinadio ia “dando guita”, enumerando os mais fartos manjares tentando variar o diálogo e, assim, divertir os que jogavam e os espectadores, o que por vezes acontecia por meio de troça habilidosa ou de chacota descurada.

Lá quando lhe “dava na real gana”, encaminhava as coisas para o fecho do jogo. Nessa altura, tinha de falar numa comida que terminasse com o diminutivo “inho”, ou trazer ao paleio uma palavra que acabasse em “inho” (caminho, linho, raminho, etc.), para dar ensejo ao convite:

– “Vem atrás do meu rabinho”.

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