Neste jogo se distraíam rapazes e raparigas. Num dos mais espaçosos e frequentados largos do lugar, sem preceitos na disposição individual, formavam roda de grande diâmetro, deixando pequeno intervalo de um para o outro, de forma a permitir os movimentos.
Os que a formavam, na altura própria atiravam o cântaro pelo ar, nos endireitos dos mais distantes para causar efeitos durante os momentos que a bilha cortava o espaço. Quanto mais alto ela subisse tanto melhor.
Os lançamentos eram precedidos, acompanhados e seguidos de apreciações ou comentários em que havia, regra geral, certa intenção facilmente decifrada, quanto mais não fosse por alguns.
Não havia tempo contado para a duração do jogo. Durava tanto quanto possível.
É que, tanta vez a bilha atrepava ao ar que findava por acontecer o inevitável: cair no chão e escassilhar-se, em consequência de ligeiro descuido, erro de avaliação da distância e por judiaria de algum mais rabino ou de brincalhão desmancha-prazeres.
As críticas a este acontecimento variavam consoante o motivo pelo qual se tirava que o cântaro foi reduzido a cacos inaproveitáveis no meio do chão.
Sucedia haver substituição da bilha por outra. Neste caso, ficava de fora a ver, aquele que tivesse dado causa à destruição da antecedente. Valha a verdade que o prejuízo resultante da inutilização do cântaro ou quarta a pouco subia, pois que normalmente utilizava-se uma já rachada, sem asa ou com outra mazela de igual teor e gravidade. Quando muito, o dono perdia o vaso para manjericões, que obteria do fácil aproveitamento da metade inferior da bilha.