Covão de Oles

Em toda a Freguesia não existe nome de lugar que se tenha apresentado com um tão grande número de formas, quer na linguagem falada quer na escrita.

Desde Covão de Oles, Covão da Olas, Covão da Oles, Covão d’Eoles, Candaiolas,  Quãodaolas, Quãodeioles e Covão d’Aoles, todas  se têm ouvido usar ou visto escritas.

Que nome teria este lugar na sua origem?

Uma das hipóteses será: “Eolo”

Eolo foi um dos muitíssimos importantes deuses da antiguidade pagã. Seu pai chamou-se Júpiter, outro deus, senhor dos mares e oceanos. Menalipo era a ninfa sua mãe.

Filho de pai poderoso, Eolo não era um deus qualquer. Coube-lhe o poder sobre os ventos. Ele era o “ministro”dos ventos e das tempestades, que lhe obedeciam pronta e cegamente.

Eolo habitava na ilha flutuante de Eólia, onde tinha a sua corte.

Subia tão alto e chegava tão longe o seu poder “ministerial”, era tão perfeita e completa a submissa obediência das mais ariscas correntes de ar atmosférico, que certa vez deu a Ulisses uma prenda como nunca ninguém lhe merecera.

Tendo Ulisses ido visitá-lo à sua corte, tantas e tais queixas lhe fez de partidinhas pregadas pelas tempestades, que Eolo não tem mais, esconde dentro de odre todos os ventos que pudessem vir a ser contrários às viagens do nobre navegador, e entrega-o a Ulisses com a garantia de que nunca mais os temíveis assopros do Vento deixariam de vir à feição dos desejos e necessidades do seu visitante.

Alegre, Ulisses mete-se no barco, solta as velas e despreocupado ferra no sono. Os companheiros de viagem, intrigados com o estranho odre, e espicaçados pela curiosidade de ver o que se continha lá dentro, abriram a rolha do odre. O que eles haviam de fazer! Dali por diante levantaram-se tantas e tais tempestades de vento e mar que por um triz não foram todos para o “charco”, sem escapar um para semente…

Esta é a fábula.  Este o motivo por que no inicio o Covão da Oles podia ter-se chamado Covão de Eolo.

No Alqueidão, vinha de velhos tempos a observação meteorológica de que derivava a certeza de chuva a granel, quando o vento do Sul soprava forte do quadrante do Covão da Oles. Aquilo eram favas contadas no tocante a chuva e a vento.

Se a ventania dali soprada era tida pela certeza de temporal atmosférico, podia-se estabelecer uma semelhança entre o odre de Eolo, oferecido a Ulisses, e o Covão da Oles de onde ventava e de onde chovia tanto. Além disso o “covão” tem algumas parecenças, quanto ao feitio, com um odre.

Mas o nome “Covão de Oles” poderia também ter derivado de Olas.

“Olas” no Minho correspondia a moinho de água, na antiga Índia Portuguesa significava folha de palmeira, lâmina de oiro imitante à folha da palmeira, carta ou documento escrito numa só face. No português antigo correspondia a panela de barro.

No livro “Porto de Mós e seu Termo”, António Martins Cacela fala na existência da “indústria de cerâmica no Covão d’Aoles”, artesanato mais propriamente.

Para a origem do nome “Covão de Oles” a palavra “Olea” é outra das possibilidades.

No latim “olea” designava a oliveira. Diz um excelente dicionário da língua portuguesa que ólea é um “género de Oleáceas de que é espécie notável a “olea europae”, zambujeiro, oliveira.” Ora, todos os que têm alguma experiência da batida pormenorizada de zonas mais agrestamente pedregosas do Alqueidão, testemunham que é fácil encontrar o zambujeiro nas engras de bancos de rocha.

Sendo assim, não é difícil imaginar que o sítio onde surgiu o Covão da Oles fosse um viveiro de “óleas”.

O termo “Candeiolas” foi sugerido pelo Padre Henrique Antunes Fernandes que, baseando-se na existência da “estrada romana”, admitiu a hipótese de haver luminárias (candeolas) acesas onde hoje está o lugar, para orientação dos transeuntes.

O Covão de Oles foi desde sempre um lugar com poucos habitantes. Numa estatística referente ao ano de 1837, existiam neste lugar 4 casas de habitação.

Em Dezembro de 1967, segundo uma contagem elaborada pelo Padre Américo Ferreira, no Covão de Oles existiam 21 casas.

Sobre a vida e os anseios da população do Covão de Oles fala-nos Carlos Amado Rosa num artigo que escreveu para o Jornal “Cruzeiro” de Junho de 1994.

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