A Granja dos Monges de Cister

As Granjas eram prédios rústicos que os monges de Cister construíam nas mais diversas áreas dos Coutos de Alcobaça, para recolha de fundos ou controle de actividades agrícolas artesanais que mais lhes interessavam implementar.

A do Alqueidão da Serra foi construída em 1734 e situava-se no então Fundo do Lugar.

Foi seu proprietário João Biscoito. Por sua morte foi vendida pelos herdeiros, a Manuel Jorge Furriel em 1935.

Foi demolida por volta de 1950 para no mesmo sítio se construir a actual casa pertencente aos herdeiros de Telmo Gabriel Ferreira.

granja dos frades de alcobaça

desenho de Francisco Furriel

Toda a área é rodeada por estrada pública por todos os lados, e nela se encontram hoje as casas do Telmo, Joana Farrompes e filha do Inocêncio Bertolo. Tudo isto em 1734 pertencia aos Monges de Alcobaça, onde tinham, além da mais bela casa da região, vários celeiros, cavalariças, palheiros, e espaços que eram oficinas de contas, rosários, coroas, etc.

A Granja constava de duas casas geminadas, uma mais recuada que outra e ambas de rés-do-chão e primeiro andar.

A mais recuada era absolutamente ampla. O rés-do chão teria servido de adega e celeiro, e o primeiro andar foi a cozinha, com uma grande lareira (cerca do dobro do tamanho das lareiras normais do Alqueidão). Tinha duas grandes janelas, uma virada para o nascente e outra para o norte, e ambas com assentos interiores salientes da parede e revestidos a cantaria da mesma procedência das estruturas das janelas (Pedreiras).

Da casa que estava mais avançada em relação ao eixo da estrada actual para a dita cozinha, havia apenas uma estreita comunicação interior por uma porta com três pequenos degraus, o que significa que dos primeiros andares de cada casa havia um desnível de cerca de 45 cm.

Todo o rés do chão da casa mais avançada era a sala de visitas principal. Tinha o tecto perfeitamente pintado de branco com “volutas” a azul, amarelo e castanho claro, tendo como elementos decorativos os cálices das tulipas e as pinhas estilizadas que saíam dos quatro cantos da sala, convergindo para o centro onde estava um belo florão estilizado, que por sua vez , fazia convergir as suas quatro hastes no sentido dos outros elementos decorativos.

tecto granja dos frades de alcobaça

Desenho de Francisco Furriel

Do centro do tecto pendia um candelabro que devia ser pesado, a avaliar pela fortaleza e pelo desgaste do gancho de ferro em que se dependurava.

Do lado norte a escada exterior de acesso ao primeiro andar, toda coberta pela alpendurada com duas colunas cilíndricas de cantaria, era larga e tinha os degraus de pedra preta arrancada no local.

Ao cimo da escada havia uma varanda quadrada com assentos corridos, em lages de cantaria , da qual se entrava na grande sala do primeiro andar, apenas só com um quarto anexo independente desta sala.

Segundo a lenda,  foi da referida varanda que os soldados das Invasões Francesas de 1810, mataram a tiro um homem que andava na Tojeira.

A ultima sala referida tinha também duas janelas, uma virada a sul, outra a nascente. Era na cantaria desta janela virada para a estrada, que estava a data de 1734.

No interior desta sala do lado sul, havia um pequeno nicho embutido na parede, com um Cristo esculpido em madeira. Do lado norte havia, também embutido na parede um armário de madeira (cantareira) para a colocação de dois cântaros de olaria para a água.

A porta da entrada era larga, de madeira de pinho, com seis almofadas bem trabalhadas, tinha ferragens extremamente fortes artesanais, assim como a enorme fechadura, chave e espelho da fechadura, era tudo trabalho dos artesãos ferreiros da época.

Para o lado poente, ou seja para a retaguarda da casa, tinha esta sala uma porta mais modesta, com dois ou três degraus devido aos desnível das ruas circundantes.

Os telhados eram em cúpula, de quatro águas, o forro era pregado por cima dos barrotes (bem aparelhados) e as ripas eram pregadas sobre o forro. Todo este madeiramento era puro “cerne” e pintado de branco. As telhas eram de canudo.

Havia em toda a volta da casa uma faixa (moldura de madeira), com cerca de 15 centímetros de largura e meias canas do lado de cima, tudo pintado de branco com tintas da melhor qualidade que duraram até à demolição.

Do livro ” da Pré história à Actualidade – Monografia de Porto de Mós – de Francisco Jorge Furriel
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