A Confraria das Almas

O capítulo de “O Couseiro” que é dedicado ao Alqueidão foi escrito no ano de 1629 e refere que “no Alqueidão há uma confraria de defuntos, no termo de Leiria, cuja renda está aplicada à fábrica da igreja, para aliviar os fregueses”, no entanto não que faz qualquer referência à data em que foi criada a Confraria das Almas.

Tudo leva a crer que a confraria existe desde o início da criação da Freguesia, com a designação de Confraria dos Defuntos. Isto porque ela já existia no Reguengo, de onde o Alqueidão foi desmembrado, e também devido à necessidade social que os habitantes sentiam dela, sempre que era necessário fazer algum funeral.

Em 1773  o Juiz da Confraria das Almas era Manuel Francisco Alfaiate.

Da vida da Confraria, sabe-se que durante a Quaresma inteira, todas as noites depois da ceia e da reza familiar, um dos membros da Confraria andava pelas ruas do Alqueidão convidando o povo a rezar pelas Almas do Purgatório. Usava um amplo gabão que era pertença da Irmandade, ao mesmo tempo que ia fazendo soar a matraca de madeira, e chamava a atenção de todos com  a sua toada soturna e lenta:

– “Irmão, lembra-te de rezar pelos que já lá estão”.

Os membros desta velha confraria pagam uma quota anual que lhes confere o direito a terem funeral religioso e a três missas de sufrágio, se a qualquer das coisas não se opuser o Direito Canónico. Os confrades, se possível, devem tomar parte nos actos funerais. O mais normal é comparecer sempre uma pessoa de cada fogo, pelo menos, tratando-se de falecido da sua área.

Os membros da Confraria das Almas beneficiavam de alguns débeis rendimentos que lhes eram devidos por serem donos de certas propriedades rústicas, que lhes foram doadas porque os seus remotos possuidores assim o resolveram, para estímulo dos irmãos na sua prática especifica das Obras de Misericórdia.

Mais Bens da Confraria das Almas

O desleixo dos alqueidanenses do passado encarregou-se de fazer com que não houvesse livros em ordem, escriturados e guardados. Mesmo que eles existissem de nada valia porque nos caiu em cima a praga infernal do vandalismo dos soldados franceses que roubaram o que tinha valor material, e queimaram tudo o mais que não lhes interessava.

A Confraria das Almas possuía também um sarrado de horta na fonte, e uma carreta que estava numa arrecadação da capela da Senhora da Tojeirinha.

Segundo informações, enviadas às Cortes, no dia 25 de Maio de 1821, pelo Cura Domingos Amado, esta Confraria tinha os seguintes rendimentos anuais: 10 alqueires de trigo, provenientes de um foro e 4.700 reis de juros.

Um corte na existência da Confraria

Não se sabe o ano em que a Confraria das Almas começou a existir. Não existe nada escrito que declare claramente a extinção desta Irmandade, no entanto é certo que existiu um corte na existência desta Irmandade.  Para o demonstrar basta a leitura do que, em 28 de Março de 1758, declarou o Padre desta freguesia. Esvreveu ele: “está huma Irmandade do  Rosário, e não há mais Irmandades algumas nesta Igreja.

O que ressalta destas palavras, é  que a Confraria das Almas foi suprimida.

Em meados de Novembro de 1762, os  seus Irmãos celebraram o contrato de aforamento do “sarrado da orta sita onde chamam a fonte”.

Na pior das hipóteses, o período da extinção durou os seus vinte e quatro anos.

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Atualmente a confraria das Almas é composta por 9 elementos, sendo 3 do Alqueidão, 3 dos Bouceiros e 3 do Casal Duro.

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