Vindimas

A vindima é a apanha das uvas. Num sentido mais abrangente a vindima engloba todo o período entre a colheita das uvas e o inicio da produção do vinho.

A faina começa no mês de Setembro e prolonga-se até Outubro. Antigamente por esta altura muitas pessoas do Alqueidão saíam para as vindimas para o Bombarral, Torres Vedras, Matacães, etc., e ainda vinham a tempo de cortar as suas próprias uvas e fazer o vinho.

Depois das vinhas vindimadas ainda as crianças lá iam ao rabisco, isto é, procuravam um ou outro cachinho de uvas que por lá tivesse ficado esquecido.

Vindimas

Chamávamos POCEIRÃO aqueles cestos muito grandes para transportar as uvas, e REBOLHO aos cachos de uvas que não se desenvolveram .

Das uvas colhidas separavam-se os cachos grandes e bonitos que se guardavam para sobremesa, e para fazer as penduras (cachos que se penduravam no tecto da casa de fora ou da adega, e com o tempo ficavam uvas passas), as outras eram para fazer vinho. As melhores para este fim eram as da Tojeira, que davam um vinho excelente e com maior grau.

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Depois de transportadas para o lagar, as uvas eram pisadas com os pés. O esmagamento produzia uma mistura de sumo, cascas e bagas a que chamávamos mosto.

Actualmente são muito poucas as pessoas que se dedicam à agricultura, como consequência existem poucas vinhas, e a produção de vinho não tem qualquer expressão.

Odores de Outono

Relembrando um trabalho de Inês Santos e Herlander Laranjeiro, publicado no Jornal mensal do Alqueidão da Serra “O Cruzeiro”, nº 9 de Dezembro de 1994:

“No Alqueidão o mês de Setembro tem um cheiro. É o cheiro da terra seca, dos frutos recém-colhidos e das vindimas. Para alguns, principalmente aqueles que passam com frequência nas imediações da Igreja, o mês de setembro tem mais um aroma: o do engaço. Para estes, os grandes amontoados de matéria perfumada e fumegante já lhe são tão familiares, que não há memória de um Outono sem este quadro. Na verdade há 45 anos que o Alambique do Ti Carlos é o responsável por um dos aspectos mais pitorescos do Alqueidão, não obstante a indiferença com que o hábito nos cega.

O alambique iniciou a sua actividade com o padrinho do Ti Carlos. Aquele empregou o afilhado quando ele contava apenas 8 anos e ao qual veio a legar o alambique. Na altura a afluência dos utentes era grande, e a comissão exigida pelo Ti Carlos era um terço do produto final, o suficiente para compensar o trabalho de acarretar a lenha para a caldeira, carregar os tambores com o engaço e tirá-lo de lá, após os 500 litros de água vaporizada da caldeira terem dali retirado a essência necessária à aguardente. Esta, ainda sob a forma de vapor prossegue por uns tubos que, estando mergulhados em água fria provocam a condensação e deixam pingar o apreciado liquido.

Hoje as dificuldades aumentam porque os 125$00 por litro exigidos como comissão não pagam as dores e o cansaço que o trabalho agudiza. Para somar a isto, a procura é muito menor visto que as vinhas se extinguem e os donos das poucas existentes enviam as uvas para as cooperativas.

Por isso o alambique não sobreviverá a esta geração, e os Alqueidoenses vindouros não conhecerão os amontoados de matéria perfumada e fumegante, nem um dos mais inebriantes cheiros de Setembro.”

Inês Santos e Herlander Laranjeiro

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Uma resposta a Vindimas

  1. ismael ramos diz:

    boa tarde tenho 22 anos, gostava e preciso imenso de trabalhar pois tenho 3 filhos. assim deixo o meu contacto934559053

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