A receita dos bolos tradicionais das festas de Nossa Senhora, veio do Reguengo do Fetal.
A tia Mónica era do Reguengo e veio viver para o Alqueidão em 1933, depois do seu casamento com o Ti Manuel Amado. Alguém a desafiou a fazer cavacas para os andores das Festas, e ela aceitou.
Durante cerca de 30 anos foi a tia Mónica que fez as cavacas para os andores, com a ajuda de algumas mulheres que iam vendo e aprendendo com ela a maneira de fazer estes bolos.
Foi a tia Mónica que ensinou a Lhuca, a Bemvinda, a tia Adélia e a Celeste Locádia, a Lurdes Guia, etc., e elas continuaram com esta tarefa até que a idade e a saúde o permitiram.
Este ano de 2015 a Bemvinda já não fez cavacas para os andores, mas a Lurdes Guia, apesar de já contar com mais de 80 anos ainda vai fazer as cavacas para o andor da Carreirancha, com a ajuda de algumas pessoas daquela zona.
Porque isto de fazer cavacas dá muito trabalho:
- Primeiro a massa tem que levar exatamente aquela quantidade de azeite, porque se for mais ficam a saber a azeite e se for menos ficam muito secas.
- A massa tem que ser batida até vir a mulher da fava rica, ou seja, até de despegar da colher de pau.
- Depois estende-se a massa, corta-se em pequenos retângulos e vai a cozer no forno a lenha que tem que estar com aquela temperatura especifica, para não as queimar, nem as secar demasiado.
- Tiram-se do forno e escovam-se para tirar o excesso de farinha.
- Depois faz-se a calda do açucar e barram-se de um lado e vão-se colocando na tábua para ir ao forno secar. O forno já não pode estar muito quente, senão elas ficam todas amarelas.
- Quando já estiverem secas deste lado tiram-se do forno, barram-se do outro lado com a calda do açúcar e vão ao forno de novo agora para secar deste lado.
Depois de um dia inteiro de trabalho, já está pronta uma fornada de cavacas. E quem é que quer aprender? Tanto a Benvinda como a Lurdes Guia sempre se mostraram disponíveis para ensinar, para que esta tradição não acabe na nossa terra.
Para além das cavacas os andores levam também os tradicionais bolos.
Por esta altura das grandes festas de Agosto lembramos sempre com saudade a Lurdes do Restaurante que apesar da sua luta diária contra a doença, oferecia sempre para a festa um andor de chouriças e pão caseiro.
Por tradição, cada uma das zonas da freguesia, oferecia o seu andor. As pessoas de cada zona juntavam-se, faziam os bolos e as cavacas, e decoravam o seu andor para ser o mais bonito de todos. Tinham um grande orgulho em fazer com que o seu o andor rendesse mais dinheiro do que os andores das outras zonas, e esforçavam-se muito para isso.
De ano para ano esta tradição vai sendo cada vez mais difícil de cumprir. Este ano de 2015 existem algumas zonas do Alqueidão de onde já não sairá o tradicional andor.
A Comissão de Festas dos nascidos em 1975, responsável pelas festas deste ano mobilizou todas as crianças da terra para a preparação do andor da criança. Este andor, cuja preparação e venda está a cargo de todas as crianças que queiram participar, sairá do Parque Infantil da Chã, integrando a procissão de recolha de andores feita pela Banda Filarmónica no Domingo de manhã.
A esta procissão de recolha vão-se juntando os andores de cada zona e também as pessoas que levam as suas ofertas particulares, terminando no adro da igreja, pouco antes da missa do meio-dia.
Em 2015