Costumes e tradições foram mudando ao longo dos tempos, e muitos preconceitos foram superados. É interessante olhar para o passado e ver como a nossa mentalidade mudou e continua a mudar.
Com o fim da guerra e do racionamento dos tecidos a mulher dos anos 50 tornou-se mais feminina. Começaram a usar-se vestidos mais amplos com a cintura bem marcada e sapatos de salto alto.
Por esta altura as revistas femininas eram praticamente a única forma de entretenimento para as mulheres. Os artigos eram escritos por homens, uma vez que eram poucas as mulheres inseridas no mercado de trabalho, por isso os temas abordados eram quase sempre machistas ou voltados para a felicidade conjugal.
Estas revistas expressavam pontos de vista masculinos sobre como as mulheres deviam agir e quais as obrigações que deviam cumprir para manter o casamento. Como as revistas eram uma importante fonte de informação e referência, as mulheres tinham-nas como verdadeiras conselheiras.
Dicas e conselhos que eram publicados nas revistas femininas, nos anos 50
1 – Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu.
2 – Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas.
3 – A esposa deve vestir-se depois de casada com a mesma elegância de solteira, pois é preciso lembrar-se de que a caça já foi feita, mas é preciso mantê-la bem presa.
4 – Se o seu marido fuma, não arranje discussões pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa.
5 – Não incomode seu marido com problemas insignificantes e reclamações quando ele chegar a casa depois de um dia de trabalho.
6 – Não arranje desculpas para não haver jantar pronto quando o seu marido chega a casa depois de um dia difícil de trabalho.
Nesta época a mulher tinha que ser submissa ao homem porque ele era o chefe da casa, detinha todo o controle financeiro, e nunca poderia ser desafiado ou desacatado.
As mulheres do Alqueidão, nos anos 50, tinham apenas a terceira ou quarta classe, e por vezes nem isso. Foram pouco tempo à escola porque em crianças tinham passado os dias na serra a guardar gado, ou a ajudar os pais na agricultura, ou a tomar conta dos irmãos mais novos para que os pais pudessem ir trabalhar.
Embora nesta altura algumas já tivessem trabalho nas fábricas de Minde e Mira de Aire, não se pensava que as mulheres pudessem seguir uma carreira profissional. A única perspetiva de futuro era o casamento.
O casamento era para toda a vida. O marido garantia o sustento da família, e a mulher tratava da casa, dos filhos, e do marido que chegava a casa sempre muito cansado do trabalho árduo e difícil e por isso não podia fazer mais nada.
No decorrer dos anos a mulher foi conquistando o seu espaço na sociedade, quebrando barreiras, preconceitos e liberdade de expressão.