A Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de Agosto, que assinala a quarta aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos, no ano de 2016 teve como tema “Alegrai-vos no Senhor” e foi presidida pelo Secretário da Congregação para a Educação Católica, D. Angelo Vincenzo Zani.

«Não se pode vir a Fátima à procura de um pouco de alegria e de paz só para si. A mensagem da Senhora convida a ir ao encontro dos irmãos e torna-se escola de caridade e de serviço ao próximo.» disse o arcebispo.
Neste difícil mês de Agosto, em que as nossas florestas têm sido devastadas pelo fogo, o Santuário de Fátima vai associar-se à campanha de auxílio às vítimas dos incêndios, com um donativo imediato de apoio às vítimas de 50 mil euros. Esta disponibilidade foi anunciada pelo bispo de Leiria-Fátima, no dia 12, durante a conferência de imprensa de apresentação da Peregrinação Internacional Aniversária de Agosto, que decorre nos dias 12 e 13 na Cova da Iria.
Já habitual nesta Peregrinação de Agosto é a oferta do trigo, durante o ofertório da Eucaristia do dia 13. Acontece desde 1940, ano em que um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica da Diocese de Leiria, decidiu oferecer 30 alqueires de trigo, destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima. A partir desse ano, os peregrinos de várias dioceses, tanto nacionais como estrangeiras, decidiram fazer o mesmo, ano após ano.

Entrega do trigo a Nossa Senhora, no Santuário de Fátima em Agosto de 1951 As gentes do Alqueidão da Serra, que tanto trigo semeavam, foram dos primeiros, a participar no ofertório deste cereal em Fátima.
Durante o ano de 2015 foram oferecidos 9.655 quilos de trigo e 483 quilos de farinha. Consumiram-se no Santuário, aproximadamente, 16.300 hóstias e 1.450.000 partículas. Foram celebradas 7.223 missas.
Porque celebramos o 13 de Agosto?
No dia 13 de Agosto de 1917 quando deveria dar-se a quarta aparição de Nossa Senhora, os pastorinhos não puderam ir à Cova da Iria, porque tinham sido raptados pelo então administrador do concelho de Vila Nova de Ourém, Artur de Oliveira Santos, de alcunha “o Latoeiro”, um republicano anticlerical e maçon que queria obrigar as crianças a revelar o segredo.
Nesse dia, juntou-se em Fátima uma grande multidão que esperava que Nossa Senhora aparecesse, tal como tinha acontecido nos dias 13 dos meses anteriores, só que desta vez os pastorinhos não estavam presentes.
Por volta do meio dia ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu um relâmpago. Segundo os relatos das pessoas presentes uma pequena nuvem branca pairou alguns minutos sobre a azinheira, e depois ocorreram fenómenos de coloração, de diversas cores, nos rostos das pessoas, nas roupas, nas árvores e no chão.
As crianças continuaram presas e apesar das muitas ameaças físicas nada revelaram.
Na manhã do dia 15 de Agosto, logo a seguir a um interrogatório final, as crianças foram libertadas e puderam regressar a Fátima.
No dia 19 de Agosto, Lúcia estava com Francisco e seu irmão João nos Valinhos, numa propriedade de um dos seus tios que ficava a cerca de 500 metros de Aljustrel. Pelas 4 horas da tarde, começaram a sentir alterações atmosféricas semelhantes às que precederam as aparições anteriores, ou seja, uma súbita diminuição da temperatura e um esmorecimento do Sol.
Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, pediu ao primo João para ir rapidamente chamar a Jacinta, que ainda chegou a tempo de ver Nossa Senhora que, anunciada como das outras vezes por um reflexo de luz, apareceu sobre uma azinheira um pouco maior que a da Cova da Iria.
O que se passou a seguir foi escrito no livro “Memórias da Irmã Lúcia”, por quem viveu todos estes acontecimentos.
” Lúcia: – Que é que Vossemecê me quer?
Nossa Senhora: -Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem.
– Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?
– Façam dois andores, um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas; o outro que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer.
-Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes.
-Sim, alguns curarei durante o ano. Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
E, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente.”
Os videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume singularmente suave.

Quadro exposto na Casa das Candeias em Fátima
O SEGREDO DE FÁTIMA
Nossa Senhora pediu aos Pastorinhos que não contassem a ninguém e eles não revelaram nada, nem mesmo quando o Administrador os prendeu e ameaçou mandar fritar em azeite a ferver.
Só em 31 de Agosto de 1941, na carta escrita em Tuy ao Bispo D. José Alves Correia da Silva, Lúcia diz ser “chegado o momento” de falar do segredo, acrescentando: “Bem; o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou agora revelar.
1ª Parte
“A primeira foi, pois, a vista do inferno! Nossa Senhora abriu as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que deles mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo de todos os lados semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Devia ser ao deparar-me com esta visão que dei esse Ai, que dizem ter-me ouvido.”
(No jornal O Século, de 23 de Julho de 1917, lia-se: “ouviu-se um ruído semelhante ao ribombar do trovão, rompendo as crianças num choro aflitivo, fazendo gestos epiléticos e caindo depois em êxtase.”)
“Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Esta visão foi um momento, e graças à Nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu. Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Assustados e como que a pedir socorro, levantamos a vista para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza:
2ª parte
– Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz: a guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas: por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da fé.”
(A consagração da Rússia foi feita pela acção do Papa João Paulo II em 25 de Março de 1984.)
3ª Parte
Quanto à terceira parte do segredo, encontrando-se Lúcia doente, em Tuy, descreveu-a em 3 de Janeiro de 1944, também por ordem do Bispo de Leiria, entregando-a num envelope fechado. Lúcia diz nessa carta:
“Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia. Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto, um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varias tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.”