1917
No seguimento da aparição de 13 de outubro, o Patriarcado de Lisboa, pela mão de D. João Evangelista de Lima Vidal, incumbiu os vigários de Porto de Mós e de Ourém de colherem informações de testemunhas fidedignas sobre os acontecimentos ocorridos em Fátima em 13 de outubro.
O Padre Joaquim Vieira Rosa, pároco de Alqueidão da Serra e vigário de Porto de Mós, interrogou 16 testemunhas presenciais e fez uma breve síntese sobretudo com as descrições do fenómeno solar.
No envio do relatório, o Padre Joaquim Vieira Rosa, refere a concordância das testemunhas e o incómodo por o prometido fim da guerra não se ter concretizado.
Depoimentos de dezasseis testemunhas que presenciaram os acontecimentos do dia 13 de outubro de 1917 na Cova da Iria, recolhidos pelo Pe. Joaquim Vieira da Rosa, Vigário da Vara de Porto de Mós.
Padre Joaquim Vieira da Rosa – Nasceu no Alqueidão da Serra, Porto de Mós, a 6 de junho de 1866. Foi Vigário de Porto de Mós, durante muitos anos. Faleceu a 20 de agosto de 1938.
Escrivão João Gomes Menitra – Nasceu no Reguengo do Fetal, a 14 de janeiro de 1885. Foi pároco de diversas paróquias e esteve como encarregado da paróquia de Fátima em agosto de 1914. Faleceu a 29 de outubro de 1968.
1ª testemunha
António dos Ramos Mira, casado, morador na freguesia do Reguengo do Fetal, testemunha presencial dos factos ocorridos em Fátima no dia treze de outubro de 1917, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que se dirigiu para o local das aparições no meio de chuva e que um quarto de hora depois de parar a chuva, viu aquela ingente multidão de povo, em grande clamor e quase todo joelhado, voltado para o sol, e que este tinha sinais desusados, girando sobre si, tremendo, observando ao mesmo tempo, que em volta dele, aparecera uma cor amarela-avermelhada, que se refletiu em toda a multidão e no horizonte, havendo ao mesmo tempo um afrouxamento de luz e aumento de temperatura. Dizia a multidão até mesmo os descrentes que era um milagre conhecido. É público que as criancinhas diziam seis meses antes que se havia de dar o milagre; o que fez atrair ali uma multidão de cerca de quarenta mil pessoas, que voltaram crentes para suas casas. E mais não disse e assina o seu depoimento.
António dos Ramos Mira – Nasceu a 15 de dezembro de 1890, no Reguengo do Fetal. Filho de António Francisco Mira e Maria Ramos. Casou com Laura da Piedade Ramos Meneses, a 5 de setembro de 1911. Faleceu a 15 de agosto de 1940.
2ª testemunha
Anzebino Francisco Mira, casado, morador no lugar e freguesia do Reguengo do Fetal, testemunha presencial dos factos ocorridos em Fátima no dia treze de outubro de mil novecentos e dezassete, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que tendo-se dirigido debaixo de água para o local das aparições, parou a chuva entre o meio dia e a 1 hora da tarde e logo a seguir viu o sol, girando como uma roda de fogo e que se aproximou da grande multidão, que ali estava presente, e viu também diferentes cores no povo e no horizonte e tudo à mesma hora dos factos ocorridos nos dias treze dos cinco meses transatos. E mais não disse e assina o seu depoimento.
Anzebino Francisco Mira – Nasceu no Reguengo do Fetal, a 10 de maio de 1887. Filho de Joaquim Francisco Mira Júnior e de Maria da Rosa. Casou com Maria Vitória, a 8 de agosto de 1917. Faleceu a 12 de março de 1930.
3ª testemunha
Manuel Ribeiro de Carvalho, casado, proprietário, morador no lugar do Reguengo do Fetal, interrogado sobre o facto ocorrido no dia treze de outubro do ano de mil novecentos e dezassete na Cova da Iria de Fátima, disse: que um quarto de hora depois, pouco mais ou menos, de parar a chuva viu que o sol girou sobre si mesmo, aproximando-se do povo, e que lançou bastante calor, e ao mesmo tempo observou a cor azul e encarnada no horizonte. E mais não disse e assina o seu depoimento.
Manuel Ribeiro de Carvalho – Nasceu no Reguengo do Fetal, a 7 de março de 1881. Filho de Manuel Ribeiro de Carvalho e de Maria de Jesus. Casou com Vitória de Jesus, a 30 de novembro de 1903. Faleceu a 13 de dezembro de 1957.
4ª testemunha
António Maria Menitra – Casado, proprietário, morador no lugar do Reguengo do Fetal, interrogado sobre os factos ocorridos no dia 13 de outubro em Fátima, disse: que tendo chovido torrencialmente de manhã, um pouco depois do meio dia, parou a chuva e observou que uma grande multidão de povo, de joelhos olhava para o sol, e olhou também e viu diferentes cores no sol e no povo. E mais não disse e assina o seu depoimento.
António Maria Menitra – Nasceu no Reguengo do Fetal, a 6 de junho de 1879. Filho de José Maria Gomes Menitra e de Joaquina de Jesus. Casou com Ana Soares. Faleceu a 20 de maio de 1941.
5ª testemunha
Romano dos Santos – Casado, morador no lugar e freguesia do Alqueidão da Serra, testemunha presencial dos factos ocorridos no dia treze de outubro de 1917, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que ouviu dizer que ajoelhassem todos que vinha Nossa Senhora, palavras estas que ouviu da multidão e que viriam das pastorinhas, que se achavam distantes. Ditas estas palavras a multidão ajoelhou, tendo a chuva cessado nesta ocasião, e olhando para o sol viu que ele estava cercado de diferentes cores e girando como uma roda de fogo de artifício. Ouviu os clamores daquele povo, dizendo que era um milagre conhecido. E mais não disse e não assina o seu depoimento por não saber.
Romano dos Santos – Era exposto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Casou com 28 anos, a 26 de novembro de 1893, com Joana da Costa Carreira. Faleceu a 5 de outubro de 1962.
6ª testemunha
Maria da Silva Vieira da Rosa – Solteira, de maior idade, moradora no Alqueidão da Serra, testemunha presencial dos factos ocorridos em Fátima no dia treze do corrente mês, ajuramentado aos Santos evangelhos, disse: que na ocasião em que a multidão ajoelhava, tenso cessado um pouco antes a chuva, olhou para o sol e viu que este se transformou em diferentes cores, aproximando-se e girando como uma roda de fogo. Por três vezes viu este fenómeno. Toda aquela multidão banhada em lágrimas, gritava por Nossa Senhora. E mais não disse e assina o seu depoimento.
Maria da Silva Vieira da Rosa – Nasceu a 22 de junho de 1883, no Alqueidão da Serra. Filha de Domingos Vieira da Rosa e de Maria da Silva e irmã dos padres Joaquim Vieira da Rosa, António Vieira da Rosa e Francisco Vieira da Rosa. Faleceu, solteira, a 2 de abril de 1968.
7ª testemunha
Manuel João Sénior – Casado, morador no Alqueidão da Serra, testemunha ocular dos factos ocorridos no dia treze de outubro de 1917 em Fátima, ajuramentado aos Santos evangelhos, disse: que estando uma numerosa multidão de joelhos, olhou perfeitamente para o sol sem incómodo algum para a vista, e sem queimar, e viu-o por três vezes girar como uma roda de fogo aproximando-se, à hora marcada pelos três pastores. E mais não disse e não assina por não saber escrever.
Manuel João Sénior – Nasceu a 26 de junho de 1853. Filho de Manuel Gaspar e de Francisca de Carvalho. Casou com Francisca Joana, a 7 de outubro de 1877 . Faleceu a 7 de outubro de 1938.
8ª testemunha
Adriano de Matos – Casado, morador no Alqueidão da Serra, testemunha ocular dos factos ocorridos em Fátima no dia 13 de outubro de 1917, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que olhou perfeitamente para o sol sem este o incomodar e representou-se-lhe ver Nossa Senhora com o Menino Jesus no braço esquerdo e viu em roda do dito astro cores diferentes.
Adriano de Matos – Nasceu a 4 de fevereiro de 1869. Filho de António de Matos e de Luciana de Oliveira. Casou com Doroteia Joana, a 8 de janeiro de 1899. Faleceu a 18 de dezembro de 1949.
9ª testemunha
António Vieira Amado – Casado, morador no Alqueidão da Serra, testemunha ocular dos factos ocorridos em Fátima no dia 13 de outubro de 1917, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que viu o sol muito claro e dentro representou-se-lhe ver três imagens, e diante do sol, cores diversas e girando como uma roda de fogo, tendo ouvido antes disso que ajoelhassem todos que vinha Nossa Senhora, ao que a multidão obedeceu, soltando grandes clamores e gritando por Nossa Senhora. E mais não disse e assina o seu depoimento.
António Vieira Amado – Nasceu a 23 de dezembro de 1889. Filho de José Vieira Amado e de Maria de Jesus Parreira. Casou com Joaquina Carreira. Faleceu a 30 de abril de 1968.
10ª testemunha
João Vieira Gomes – Casado, morador na freguesia do Alqueidão da Serra, testemunha ocular dos factos ocorridos em Fátima no dia treze do corrente, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que viu o sol girar como uma roda de fogo, fitando o sol sem incómodo para o órgão visual, tremendo ele e gritando toda a multidão por Nossa Senhora. Este facto foi presenciado por toda a multidão. E se alguém não viu foi porque não quis ver. E mais não disse e não assina por não saber escrever.
João Vieira Gomes – Nasceu a 13 de novembro de 1871. Filho de Manuel Vieira Gomes e de Maria Gomes Correia. Casou com Ana Carvalho, a 7 de janeiro de 1906. Faleceu a 12 de junho de 1945.
11ª testemunha
Manuel Carvalho – Casado, morador no Alqueidão da Serra, testemunha ocular dos factos ocorridos em Fátima no dia treze de outubro de mil novecentos e dezassete, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: que viu o sol baixar, segundo o seu entender, revestir-se de várias cores, girando como uma roda de fogo de artifício, e que se podia sem incómodo ver. Notou a testemunha que chovendo toda a manhã, cessou a chuva àquela hora da chegada das crianças, que rezando o terço mandaram ajoelhar a multidão, calculada em cinquenta mil pessoas que gritavam por Nossa Senhora. E mais não disse e assina o seu depoimento.
Manuel Carvalho – Nasceu a 28 de junho de 1866. Filho de João Carvalho e de Maria de Jesus. Casou com Maria do Rosário, a 11 de fevereiro de 1900. Faleceu a 13 de fevereiro de 1951..
12ª testemunha
Domingos Pedro– Casado, morador no lugar do Alqueidão da Serra, testemunha ocular dos factos ocorridos em Fátima no dia treze do corrente, ajuramentado aos Santos Evangelhos, disse: viu cessar a chuva em que as criancinhas, digo, a chuva em hora que as criancinhas mandaram fechar os chapéus, e o sol girar como uma roda de fogo e baixar, segundo o seu modo de ver. A multidão ajoelhou à voz das pastorinhas, que diziam: lá vem Nossa Senhora, dando-se estes fenómenos em ato contínuo e à hora marcada seis meses antes. Todos os que presenciaram o facto, consideravam-no miraculoso. E mais não disse não assinando por não saber.
Domingos Pedro ou Domingos Vieira Pedro – Nasceu a 3 de maio de 1877. Filho de José Vieira Pedro e Francisca Carvalho. Casou com Maria da Silva, a 18 de de fevereiro de 1912. Faleceu a 3 de agosto de 1963.
13ª, 14ª, 15ª e 16ª testemunhas
Casados, moradores na freguesia do Alqueidão da Serra, testemunhas oculares dos factos ocorridos em Fátima no dia treze de outubro de mil novecentos e dezassete, ajuramentados aos Santos Evangelhos, disseram o mesmo que a testemunha nº 12, por estarem juntos.
13ª – Domingos Correia ou Domingos Carreira Correia. Nasceu a 18 de outubro de 1863. Filho de José Carreira Correia e de Maria da Silva. casou com Ana de Carvalho, a 26 de janeiro de 1890. Faleceu a 25 de dezembro de 1937.
14ª – Joaquim dos Santos – Era exposto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Casou com Maria Amado a 13 de janeiro de 1901. Faleceu a 25 de dezembro de 1953, com 78 anos.
15ª – Manuel Boal – Manuel da Cunha Boal. Nasceu a 21 de agosto de 1867. Casou com Maria de São José. Faleceu a 2 de junho de 1959.
16ª – Ezequiel Vieira da Rosa – Nasceu a 11 de novembro de 1888 e faleceu a 2 de abril de 1973.
Ofício do Padre Joaquim Vieira da Rosa, vigário de Porto de Mós a D. João Evangelista de Lima Vidal, Arcebispo de Mitilene, a enviar dezasseis depoimentos de pessoas que presenciaram os fenómenos do dia 13 de outubro de 1917, na Cova da Iria.
“Exmo e R.mo Senhor
Remeto o documento junto. Consultei muitas pessoas sobre o assunto e todas elas confirmam o mesmo que disseram as testemunhas constantes do mesmo documento e por isso me abstive de mandar escrever os seus depoimentos. O que atualmente tem resfriado um pouco a fé de algumas pessoas é uma das pastoras ter dito que a guerra acabaria naquele dia mesmo, ou na noite seguinte, e ela ainda continuar com todo o incremento.
Deus guarde a V. Ex. Rª
Alqueidão da Serra 11 de novembro de 1917″
O Vigário de Porto de Mós
Joaquim Vieira da Rosa”.
Curas Extraordinárias
Maria da Conceição, de 21 anos, natural do lugar da Carreirancha, freguesia do Alqueidão da Serra, distrito de Leiria, filha de Francisco Correia e Maria dos Anjos, teve um forte ataque de gripe, depois uma meningite cerebro-espinal, tuberculose e paralisia geral. Curou-se rezando o terço e uma estação ao Santíssimo Sacramento, durante nove dias consecutivos e utilizando todos os dias a terra do local das aparições dissolvida em água para uso interno e externo.
Manuel Frazão de 56 anos, de Alcaria, Porto de Mós, fogueteiro, sofria de uma grave doença gastrointestinal, que o levou às portas da morte. Curou-se depois de ter feito uma promessa a Nossa Senhora de Fátima, a quem pediu fervorosamente que o salvasse para não deixar na miséria a mulher e os filhos.
Laurentino Carreira Poças, de 16 anos, filho de Adriano Carreira Poças e Joana Carreira Rebelo Poças, natural do Reguengo do Fetal, tuberculoso, curou-se depois que a mãe prometeu ir à Fátima e dar a volta de joelhos à capela com uma oferta à cabeça.
Maria do Espírito Santo Mota, de 31 anos, do lugar dos Vargos, freguesia do Paço, concelho de Torres Novas, casada com José António Mota, estando muito doente com um ataque de bronco pneumonia, achou-se curada depois que o marido invocou Nossa Senhora do Rosário e fez a promessa de ir com a família à Fátima e dar uma esmola em harmonia com as suas posses se a mulher se curasse.
CANTANDO E REZANDO!…BENDITO E LOUVADO SEJA!…
É quase meio-dia. Por entre nuvens, que sem cessar perpassam no firmamento o sol aparece de quando em quando e dardeja sobre as nossas cabeças os seus raios vivíssimos. Um grupo de peregrinos vem-se aproximando processionalmente do local. São cerca de cem pessoas: homens, mulheres e crianças. Alguns homens vestem opas, conduzindo um deles à frente um pendão em que se vê um painel com a imagem da Santíssima Virgem.
Enquanto caminham, rezam devotamente o terço do rosário, em voz alta. De espaço a espaço, nos intervalos dos mistérios, um coro de vozes argentinas entoa cânticos em honra de Nossa Senhora. Pergunto donde vem aquela procissão e dizem-me que é do lugar das Covas, limite de Carreirancha, freguesia do Alqueidão da Serra.
A procissão pára junto da capela. Alguns peregrinos entram nela e um deles reza o terço alternadamente com os circunstantes. Parte da multidão está de joelhos, a outra parte de pé. A todo o momento chega gente. Ponho-me a percorrer o local. Um pouco afastado da multidão, um indivíduo, de aspecto venerando, modestamente vestido, está sentado no chão, de mãos postas, desfiando as contas do seu rosário, sem prestar atenção ao que se passa em torno dele. Entretanto centenas de bocas cantam o comovente cântico popular ao Augustíssimo Sacramento da Eucaristia, o “Bendito e louvado seja”.
TERRA ABENÇOADA!
Juntamente com a peregrinação das Covas, que regressa da igreja paroquial, vem uma rapariga que sofria de uma grave enfermidade e cuja cura, atribuída à intercessão de Nossa Senhora de Fátima, tem sido o assunto das conversas de todos os romeiros nos últimos meses.
Muitas pessoas a acompanham, ouvindo da sua boca a narração dos episódios da sua doença e da sua cura. Está já perto da capela. Aproximo-me, rompendo a custo por entre a multidão que a envolve num círculo apertado. Passo a interrogá-la.
Chama-se Maria da Conceição, tem 21 anos é filha de Francisco Correia e Maria dos Anjos Correia e natural e moradora no lugar da Carreirancha, freguesia do Alqueidão da Serra, distrito de Leiria. Tem dois irmãos e quatro irmãs, que vivem com ela na casa paterna.
Mora num dos extremos do lugar, na parte mais alta. Há sete anos sofreu dum forte ataque de gripe e, não se tendo tratado como devia, o estado geral da sua saúde ressentiu-se imenso. Alguns meses depois de ter tido a gripe sobreveio-lhe uma meningite cerebro-espinal, sendo tratada durante esta grave doença pelo Dr. Padrão, da Batalha.
Os remédios que tomava, não lhe produziam alivio algum. Sentia dores violentas na cabeça, no peito e nas pernas. Uma tosse funda e seca atormentava-lhe constantemente o peito. Há cerca de três anos e meio deitou sangue com abundância pela boca durante quinze dias consecutivos.
O sangue deixou de correr depois de instantes súplicas a Nossa Senhora. Muita gente, vendo o seu estado de fraqueza e abatimento, dizia que ela estava condenada a morrer em breve, vítima da tuberculose.
Durante os últimos sete meses esteve de cama, paralítica, mal se podendo mover. As dores que experimentava eram horríveis. Não descansava nem de dia nem de noite, porque a violência das dores não lhe permitia conciliar o sono.
Porém, no meio dos seus atrozes sofrimentos, nunca perdera a confiança na protecção da Santíssima Virgem, de quem esperava inabalavelmente a sua cura.
No dia 23 de março do corrente ano, à tarde, disse à família que Nossa Senhora lhe tinha aparecido e assegurado que dois dias depois, às 9 horas da manhã, se poderia levantar do seu leito de dor, recomendando-lhe que fosse à Fátima e prometendo-lhe que se havia de curar com o uso da terra do local das aparições.
Contra a expectativa da família, que se recusava a prestar crédito, ao que ela dizia, supondo-a vítima de uma alucinação, no dia 25, à hora marcada, a doente levanta-se, com grande estupefacção de todos, e, montando a cavalo, parte para a Fátima.
Tendo regressado a casa, depois de satisfeitas as suas devoções e de dadas as devidas acções de graças, faz uma novena. Rezando o terço e uma estação cada dia e, aplicando a terra do local das aparições dissolvida em água como remédio para uso externo e interno, sente-se curada no fim da novena.
Atualmente caminha sem dificuldade, não se cansa com o trabalho, nem sente dores. Todos os meses desde então tem ido à Fátima, no dia 13, excepto no mês de setembro, agradecer a Nossa Senhora a sua cura.
Manuel Pastilhas e Maria de Jesus, de Bouceiros, e outras pessoas, que a acompanham, afirmam tê-la visto em estado lamentável, paralítica e extremamente magra.
João Gomes Menitra em junho de 1932 foi pároco e residente na freguesia de Calvaria de Cima, concelho de Porto de Mós
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