No principio do século XX, quase todas as famílias do Alqueidão tinham um burro, ou até mais do que um.
Quase toda a gente trabalhava no campo, e o burro era indispensável para transportar alfaias agrícolas, produtos agrícolas, água, e também pessoas. Não existia outro meio de transporte. O Alqueidão ficava isolado no meio da serra, longe de tudo, com difíceis acessos.
José Vieira Pedro, (irmão da mãe da Tia Nicas) que tinha a alcunha de Rato, (por ser filho de António Pedro Rato), vivia com a família numa casa, a meio da ladeira da Senhora da Tojeirinha. No palheiro tinha uma burra que já quase fazia parte da família. Chamavam-lhe Malimboa.
Era frequente porem-lhe a golpelha em cima e dizerem-lhe que fosse ter com a dona ao Falgar. E ela ia sozinha, conhecia bem o caminho. Transportava tudo o que fosse preciso, equilibrando a carga por aqueles carreirinhos onde só cabia um pé à frente do outro.
Uma das filhas de José Vieira Pedro, a Isaura Amélia, casou e foi viver para Lisboa, mas vinha muitas vezes ao Alqueidão visitar os pais, sempre acompanhada pela sua filha Adelaide.
A burra Malimboa lá estava, no palheiro, sempre à espera das ordens dos donos para ir onde fosse preciso. Adelaide adorava aquela burra, achava que ela uma uma burra muito esperta, parecia que entendia tudo o que lhe diziam!
Quando voltava para Lisboa, Adelaide contava aos seus amigos muitas histórias da Burra dos seus avós do Alqueidão da Serra.
Como sabiam que Adelaide adorava burros, quando saiam em viagem de férias os amigos traziam-lhe sempre uma miniatura de um burro.
A D. Adelaide quando ia viajar também trazia sempre com ela uma miniatura de um burro típico da região por onde passava, e foi fazendo uma enorme coleção de burrinhos.
Já com uma idade avançada a D.Adelaide mostrou o seu interesse em doar a sua coleção de cerca de 300 burrinhos à Junta de Freguesia do Alqueidão da Serra, por ser esta a terra dos seus avós e porque, nos seus tempos de criança, nesta aldeia quase todas as casas de família tinham o seu burro no palheiro.
A D.Adelaide faleceu em 2018, com 94 anos. A sua coleção de burrinhos veio para o Alqueidão da Serra por intermédio da sua filha Isabel.
Os burrinhos da D.Alelaide estarão em exposição no Auditório José da Silva Catarino em 12 de Agosto, num evento organizado pela Junta de Freguesia do Alqueidão da Serra, onde certamente se irá recordar, o Alqueidão de outros tempos.
Sempre me lembro de ouvir que a tia Mônica, mãe do Jorge era natural do Reguengo, mas não sabia que a avó materna era Alqueidenense.
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A mãe da tia Nicas, Júlia, era irmã da minha avó materna, Guilhermina, que casou no Reguengo do Fetal.
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A sério?
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Sim, Dulce, a minha avó do Reguengo era do Alqueidão. Faleceu quando eu tinha 11 anos. A mâe da Isabel Bomba (ou Bombas?) tinha uma irmã, de nome Celestina. Poe acaso, a Isabe (Belinha) irá aí ao Alqueidão?
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Penso que a Belinha vem cá, sim.
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