Escolástica de Jesus Carreira nasceu em Lisboa em 1867.
A sua vinda para o Alqueidão da Serra, ficou a dever-se ao facto de ter ficado viúva e com 3 filhos pequenos.
O marido, que trabalhava na Câmara de Lisboa, foi morto no dia 5 de Outubro de 1910, quando se deu o golpe de Estado que destruiu a monarquia e implantou o Regime Republicano em Portugal.
Vendo a situação difícil em que ela se encontrava, um irmão, que era padre, ajudou-a na sua vinda para o Alqueidão da Serra com os seus filhos, entre eles Maria Carreira (Maria Pata) na altura com 11 anos.
Escolástica conseguiu arranjar o trabalho de fazer o correio.
Ela ia buscar o correio a Porto de Mós, e de caminho trazia as encomendas que as pessoas lhe pediam. Quase sempre eram medicamentos, porque no Alqueidão não havia onde comprar medicamentos.
Nessa altura os caminhos eram muito maus. Não havia estradas. O caminho por onde ela passava, era aquele que passa ao Zambujal, rente à casa da Ti Emilia. Ainda não havia a estrada para Porto de Mós.
Quando chegava ao Alqueidão distribuía o correio e as encomendas, de porta em porta. Mais tarde começou a deixar o correio em casa do Sr. José Rosa, e depois as pessoas iam lá buscar.
A casa do Sr. José Rosa era o sitio de onde Escolástica levava e trazia o correio e as encomendas. Mais tarde, quando ela era mais velha, ia sempre um neto com ela, porque muitas vezes tinham que andar de noite.
Quando o Sr. José Rosa morreu, o correio passou a ser distibuído em casa do Ti João Vitório.
Escolástica de Jesus Carreira casou com Manuel Gomes de Carvalho.
Faleceu em 08 de Janeiro de 1946, com 79 anos de idade, viúva de Manuel Gomes Carvalho,
Foi responsável pela distribuição do correio em Alqueidão da Serra durante 36 anos.
Este trabalho foi depois continuado pela sua filha Maria Carreira que contava para isso com a ajuda dos filhos ainda pequenos.
Maria Carreira que casou com João da Silva Marto, teve 8 filhos: João Gomes de Carvalho; Daniel da Silva Marto, Guilherme da Silva Marto, Narciso da Silva Marto, Benvinda Carreira Marto, Fernando Carreira Marto, Maria do Céu Carreira Marto e Artur Carreira Marto.
Passaram muito frio, porque andavam muito mal vestidos e mal calçados, e tinham que ir a pé todos os dias a Porto de Mós, muitas vezes de noite e com chuva e frio.
O Correio era distribuído todos os dias, menos ao Domingo. E iam aos Bouceiros 3 dias por semana,
Saíam de casa às 3 horas da madrugada, com uma mala grande fechada e selada, às costas.
Chegavam a Porto de Mós às 4 horas e depois esperavam até às 6 horas que era a hora em que lhe entregavam a mala com a correspondência para o Alqueidão.
Enquanto esperavam pela mala com a correspondência, iam comprar as coisas que as pessoas lhes tinham encomendado. Nesta altura, o Correio em Porto de Mós era no Rossio.
Na altura que a ti Maria Pata deixou de fazer o correio, o ordenado dela eram 200$00.
Ao todo, Escolástica e Maria Pata fizeram o correio durante 60 anos.
linda história.
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