Jogo para rapazes e raparigas, dispostos em qualquer ordem, a formarem uma circunferência cujo diâmetro dependia do número de principiantes.
Uma das raparigas fazia de “Biscondença”. Dela, todas as outras eram “filhas”.
Por seu lado os rapazes, à vez, iam-se fazendo candidatos ao coração das moças, enquanto o jogo durasse ou até haver raparigas sem pretendente declarado.
Dirigindo-se à “Biscondença”, o primeiro candidato, lança-lhe o pedido:
Ó Senhora “Biscondença”, Com ponto de língua francesa, Se me dá das suas “filhas”…
A resposta não se fazia esperar, em tom de quem tudo manda:
Eu não dou das minhas filhas, Nem por ouro, nem por prata… Nem por fios de algodão, Tão bonitas elas são!
Desiludido com esta fala e com o tom da mesma, o rapaz fingia que se retirava, parando todavia, ao escutar a intimativa:
Para aí, ó cavalheiro, Se queres ser homem de bem!… Vai àquele conventinho, E escolhe a que for teu bem…
Com tão geral autorização e tão franca liberdade de procedimento, o titular destas franquias girava em redol do círculo, da parte de fora, e deitando olho aqui, olho ali, acabava por exclamar triunfantemente:
Não quero esta por ser rosa, Nem essa por ser cravo… Nem aquela por ser jasmim, Quero esta cá p’ra mim!
E, mal acabava de dizer os versos, tirava a preferida na qual travava o braço forte, levando-a consigo a dar uma ou mais voltas a toda a circunferência, após o que, retomavam seus lugares anteriores ou lado a lado.
Imediatamente, depois disto, repetia-se tudo o que fica dito, com outro rapaz, podendo este escolher a mesma ou outra parceira.