A Matança do Porco

No Alqueidão da Serra, nos anos anteriores a 1960, a população dedicava-se à agricultura e à criação de gado. Toda a gente criava o seu porquinho, com único objectivo  do aproveitamento da carne. 

Uma das características do porco é ser de boa boca e comer tudo o que lhe é colocado à frente. Por esse motivo, davam-se-lhe todos os restos de legumes, maçãs, beterrabas, restos de comida confeccionada, etc.

Toda a vida do porco era passada no curral. O espaço era reduzido porque, como o animal era criado para engorda não convinha que gastasse energias movimentando-se muito.

Próximo do Natal, quando o porco já estava gordinho, preparava-se a matança.

A Matança do Porco era considerada a «festa da família», na qual participavam os familiares e alguns vizinhos mais próximos.

Reuniam-se os homens mais fortes e dois deles deitavam repentinamente mãos às orelhas do porco, enquanto outros lhe levantavam as patas traseiras e o amarravam. Depois espetavam o cebolão do lado esquerdo, de forma que este atingisse o coração do animal.

Nesta altura começava a jorrar o sangue que era colocado num alguidar que já tinha no fundo sal e loureiro. Logo que o sangue caía no alguidar juntava-se imediatamente vinagre e mexia-se com uma colher de pau para não coalhar, porque iria servir para fazer as morcelas.

Morto o porco, este era levado para um barracão, onde se procedia à chamusca, isto é,  queimavam-se os pêlos do animal.

Terminada  esta operação, procedia-se à lavagem que era feita com água quente a ferver, esfregando com uma uma telha.

Depois enfiavam-se uns ganchos de ferro nas patas traseiras do animal e com uma corda rija levantava-se até o focinho ficar separado do chão.

Matança do Porco

Então fazia-se um golpe longi­tudinal no ventre e extraíam-se as tripas, a bexiga, os pulmões, o fígado e o estômago, que eram  colocados num grande tabuleiro de madeira.

Retiradas as vísceras, deixava-se o animal dependurado a arrefecer durante vinte e quatro horas. Passado esse período de tempo, começava-se a desmanchar o porco.

A carne, depois era separada para fazer morcelas e chouriças que se colocavam no fumeiro, e o resto da carne era metida na salgadeira.

A parte mais atraente da matança do porco era a que tornava a mesa mais farta e mais saborosa, permitindo que se fizessem as tradicionais morcelas, a tachadinha de lombo em vinha de alhos, os torresmos, a cachola e as saborosas cartilagens das orelhas.

Mudaram os tempos, assim como mudou radicalmente o modo de vida das pessoas. Começou a ser proibido por lei fazer criação de gado nos quintais perto das casas. Mesmo ao animais criados longe da povoação tinham obrigatoriamente de ser mortos no matadouro. Os hábitos foram-se alterando ao longo dos tempos.

Continuam a fazer-se as morcelas, com carne magra e pouco arroz, as melhores das redondezas, como só as mulheres do Alqueidão sabem fazer, mas a carne vem do talho, onde se pede também que guardem o sangue da matança.

Preparando as morcelas para vender na Festa de Nossa Senhora

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