No inicio do século XX a população residente nesta aldeia era extremamente pobre. As famílias eram bastante numerosas e viviam da agricultura e da criação de gado.
No Natal, o Presépio era pequeno e despido por completo de elementos decorativos. Não existia o costume de colocar o sapato na chaminé, nem o de oferecer presentes. Só havia a passageira alegria de beijar o Menino Jesus. Esta cerimónia era bastante simples e decorria sem qualquer brilho: Debaixo do Pálio, entre duas tochas acesas, o Senhor Prior estendia a imagem do Menino Jesus aos pretendentes à homenagem do beijo, enquanto os homens cantavam:
Bendito e louvado seja o sagrado Nascimento do Menino Jesus.Ao que as mulheres respondiam:
Amá-lo na vida e na morte, consola, conforta e dá graça e luz.A parte mais atraente desta quadra era a matança do porco. A mesa ficava mais farta. Faziam-se as morcelas, chouriças, tachadinha, torresmos, cachola e as cartilagens das orelhas.
Os doces eram coscorões, filhoses e arroz doce.
Com o passar do tempo, apareceu o costume de ensinar às crianças que na noite de Natal o Menino Jesus descia pela chaminé e deixava presentes nos sapatinhos das crianças que durante o ano se tivessem portado bem. Por isso todas as crianças deixavam os sapatinhos na lareira, antes de irem para a cama.
As casas eram decoradas com um presépio feito com musgo e umas pequenas figuras de barro pintadas, representando Nossa Senhora, São José, Menino Jesus, Reis Magos, Pastores, etc.
Toda a gente ia à missa do Galo, que era à meia-noite, e no fim da missa era dada a beijar a imagem do Menino Jesus.
Na década de 60, procurando melhores condições de vida, muitas pessoas tiveram que emigrar. Os que ficaram começaram a dedicar-se à exploração de pedreiras.
Com cada vez menos pessoas a trabalhar na agricultura e criação de gado, ao longo dos anos, a tradicional matança do porco foi deixando de se fazer. As crianças começaram a acreditar que era o Pai Natal que trazia os presentes e, numa grande parte das casas o presépio foi sendo substituído pela árvore de Natal.