1858
Foi no dia 10 de Outubro de 1858 constituída uma comissão para arranjar os meios necessários para solucionar o problema da água. Já vinha de longe a luta de nossos avós com a falta de água. A Câmara que não oferecia qualquer verba, encarregava outros de a obterem, como se vê pelo que ficou escrito na acta.
“Nesta, sessão de 10 de Outubro de 1858, a Câmara nomiou huma commissão constituida dos seguintes cidadãos: Domingos Vieira Pedro, José Pedro Sanches, Francisco Baptista Amado, Francisco Pereira Roque, Francisco Vieira Gaspar, António da Silva Esteves, João Coelho Pereira, todos do Alqueidão, que nomiarão entre si Presidente, Secretário e Thezoureiro para dirigir, obter os meios e levar a cabo uma nova fonte e milhoramentos na antiga, sita próximo ao referido lugar do Alqueidão, cuja incapacidade esta Câmara reconheceu na vistoria a que procedeo a requerimento dos povos daquele lugar”.
Nesta altura a fonte necessitada de melhoramentos era a que ficava no então chamado Caminho do Ribeiro, ao lado direito de quem desce.

O Caminho do Ribeiro (actualmente)
O edifício à esquerda é o lavadouro construído no tempo do Padre Américo. Embora estando em muito mau estado de conservação, ainda tem dentro os tanques de lavar roupa.
A nova fonte, essa teve que esperar pela vinda do Padre Afonso. Foi construída sob as suas directrizes.
Era uma espécie de tanque, todo metido no chão, formado por quatro grandes lajes inteiriças, com cerca de 1,70 de altura e 1,50 de largo, e o fundo, igualmente de pedra. Na parte superior este reservatório tinha uma cúpula de quatro faces inclinadas, feitas de tijolo, rebocado e caiado. No bico das quatro faces, assentava um pequeno e florão de cantaria.
A cúpula era fechada por todos os lados excepto o que ficou virado a Poente. Este ficou aberto na sua quase totalidade. Nesta ampla e alta abertura é que as pessoas mergulhavam cântaros e outras bilhas para as encherem com a água que jorrava para este reservatório pela bica de pedra.
A água desta fonte, que era de nascente, serviu a população do Alqueidão durante séculos. Era lá que se encontravam os rapazes à espera das moças que iam lavar a roupa, ou buscar água. No caminho da Fonte começaram muitos namoricos. Ainda na década de 50 se mantinha a tradição de enfeitar a Fonte com ramos de pimenteira e alecrim nas noites de São João.
Esta fonte teve vários melhoramentos ao longo dos anos. Foi construído um telheiro para proteger do sol e da chuva as mulheres que lá iam lavar a roupa. Foi colocada uma bomba manual para tirar água para os tanques de lavar a roupa, etc.
Depois foi tudo soterrado quando foram colocadas as bombas da água canalizada para o abastecimento doméstico, e no local ficou um pequeno fontanário.