Começou a ser construída na curva da Gateira, ao lado direito de quem vai para a Batalha. Já a construção estava bastante avançada quando a população se apercebeu de que a mesma seria para uma futura central de alcatrão.
Um grupo de pessoas que se deslocou à Câmara da Batalha tomou conhecimento de que não existia licença de construção.
A obra não tinha projecto, nem estudo de impacto ambiental, nem licenciamento e estava a ser construída numa zona abrangida pela Rede Natura 2000.
No dia 11 de Setembro de 2003 o Presidente da Câmara Municipal da Batalha procedeu ao embargo da obra, depois de ter recebido algumas denúncias por parte de habitantes do Alqueidão da Serra.
Em 4 de Outubro de 2003 cerca de 300 habitantes do Alqueidão da Serra, entre os quais algumas dezenas de crianças, manifestaram-se junto à obra contra a construção da Central de Asfalto.
“Não, não e não à central de alcatrão”, “Quem nos protege do terrorismo ambiental?”, “Obra Clandestina, demolição já”, foram algumas das frases que os habitantes do Alqueidão da Serra escreveram em cartazes e gritaram bem alto.
O Presidente da Câmara da Batalha, convidado a prestar esclarecimentos, admitiu pela primeira vez a possibilidade de demolição.
Entretanto os Serviços de fiscalização da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional efectuaram uma fiscalização à obra e informaram que, visto que o local da obra estava inserido na Rede Natura era necessário o parecer vinculativo do Instituto de Conservação da Natureza (ICN).
Os habitantes do Alqueidão da Serra continuavam alerta, dispostos a fazer tudo para que a paisagem verde que os rodeia não se transformasse num estaleiro onde a poluição seria a tónica dominante.
No dia 26 de Outubro de 2003 a população subscreveu um abaixo assinado exigindo a demolição da Central de Asfalto ilegal. Foram recolhidas 600 assinaturas, num universo de 1300 cidadãos residentes, com mais de 18 anos. O abaixo assinado foi entregue em mão ao Sr. Presidente da Câmara Municipal da Batalha, e também ao Secretário de Estado do Ambiente por ocasião da inauguração da ETAR no Juncal, e posteriormente foi também enviado ao ICN.
No dia 7 de Novembro de 2003 o Parque Natural da Serra D’Aire e Candeeiros enviou um Auto de Notícia aos proprietários da Obra, que já tinha sido embargada pela Câmara da Batalha, mas nada disto impediu que fossem feitas novas paredes e colocados os 3 depósitos de gás e outras plataformas de betão e metal.
Em 2 de Dezembro de 2003 a Acção de Fiscalização da Direcção Regional do Centro do Ministério da Economia verificou que a central de asfalto estava a laborar em situação ilegal e levantou Auto de Notícia.
Os habitantes do Alqueidão da Serra continuaram a lutar pela demolição da central que iria colocar em risco a qualidade do ar que respiramos.
Em 20 de Dezembro de 2003 subscreveram o iniciaram o envio pelo correio de postais de boas festas endereçados ao Presidente da Câmara da Batalha, ao Presidente do ICN e à Direcção Regional do Centro do Ministério da Ecomomia manifestando a sua repulsa pela construção ilegal da Central de Asfalto.
Foram enviado 1000 postais ilustrados com a fotografia da Central de Asfalto junto à extensa mata de carvalhos (única no País) e com a mensagem “não queremos este presente envenenado”.
Em 2 de Janeiro de 2004 o Presidente da Liga de Protecção da Natureza manifestou total solidariedade aos habitantes do Alqueidão da Serra e autorizou a vinculação da Liga à exigência de demolição da Central de Asfalto e consequente reposição dos carvalhos destruídos com as obras.
Os responsáveis pela obra foram impedidos de trabalhar depois de terem recebido o parecer vinculativo do ICN. Só o tribunal poderia decidir se a obra seria demolida.
A central de alcatrão, embora sem funcionar, continuou de pé até ao verão de 2013, altura em que foi competamente desmantelada.
O Jornal de Leiria, na sua edição de 20 de Fevereiro de 2014 assinalou o desmantelamento da central de alcatrão em Alqueidão da Serra (link abaixo)
Excelente exemplo de Cidadania actuante!
Antonio Poças-Porto de Mós
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