1936
Tinha sido fundada recentemente em Porto de Mós a Juventude da Acção Católica e para formalizar esta nova instituição iria fazer-se um grande encontro de jovens.
Era dia de Nossa Senhora da Conceição, os jovens do Alqueidão e das outras localidades do concelho de Porto de Mós, com seus pais e catequistas, dirigiram-se para o local escolhido para o efeito, a escola de Porto de Mós (onde está atualmente o quartel dos bombeiros).

De entre as crianças que seguiam para a escola destacavam-se as crianças da Cruzada Eucarística, com seus fatinhos brancos com uma cruz vermelha sobre o peito.
O edifício da escola ficou coberto de gente. As salas do rés do chão e do 1º andar estavam cheias e ainda havia pessoas muitas pessoas no átrio e nos corredores e até sentadas nas janelas.
Na sala do 1º andar estavam as meninas e os meninos da Cruzada Eucarística rodeados por muitas pessoas que se comprimiam umas contra os outros por falta de espaço, quando o chão cedeu, caindo sobre os que estavam no rés do chão.
“O Dr. Galamba anuncia que vai eleger-se o presidente da Juventude da Acção Católica, começa algumas explicações prévias e ouve-se um estalo de madeira a rasgar, soa um estrondo medonho, em uníssono com um pavoroso grito humano; o pavimento abre-se ao meio, longitudinalmente, onde estão as crianças; bate no pavimento do rés-do-chão; este abre-se, também, dando mais cerca de três metros àquele fatídico funil.”
(Texto de João Matias na primeira evocação do desastre da escola)

Morreram 36 crianças e 8 adultos, num total de 44 vítimas, entre centenas de feridos. Foi uma tragédia horrível que o tempo nunca vai conseguir apagar.
Todas as freguesias do concelho de Porto de Mós ficaram de luto. Muitas mães perderam os seus filhos.
Da nossa freguesia morreu o Jesus. Era um dos filhos de Manuel Laranjeiro, que tinha a alcunha de Plante e Maria de Jesus, a quem chamavam Perquita. Tinha 18 anos.

Como forma de homenagear as vítimas, os familiares e os sobreviventes deste acidente, a Câmara de Porto de Mós editou o livro “Voz às Memórias”, uma obra que apresenta uma série de depoimentos dados na primeira pessoa, por quem viu e sobreviveu ao desastre.
Foi também colocada no local do acidente uma placa onde constam os nomes e as localidades dos que aqui perderam a vida.