Filho de José Frazão, e de Maria de Jesus Thereza moradores na Carreirancha (neto paterno de Francisco Frazão, e de Joaquina Franca) e (neto materno de José Vieira Amado, e de Joaquina de Jesus Thereza) Manuel Frazão foi baptizado pelo Padre Manuel Affonso e Silva na Igreja Paroquial do Alqueidão da Serra no dia 26 de Janeiro do ano de 1891.
Depois de terminados os estudos na escola primária do Alqueidão, com o professor José Candeias Duarte, Manuel Frazão decidiu entrar no seminário de Santarém, mas não conseguiu realizar o seu intento.
No ano seguinte, voltou a fazer o mesmo pedido, enviando para o Seminário o seguinte requerimento:
“Ex.mo e Rev.mo Snr.:
Manoel Frazão, de 15 anos, e filho de José Frazão e de Maria de Jesus, natural da freguezia de S. José de Alqueidão da Serra, Concelho de Porto de Mós, Patriarcado de Lisboa, tendo requerido já em princípios de Agosto de 1905 a graça da admissão como aluno no Seminário Diocesano, visto sentir vocação para o estado eclesiástico, e tendo sido indeferido o seu requerimento, mui humilde e respeitosamente de novo vem aos pés de V.ª Em.cia pedir-lhe a referida graça da admissão como aluno gratuito, visto ser pobre.
E. R. M.
Alqueidão da Serra, 30 de Julho à de 1906
Manoel Frazão”
Manuel Frazão nasceu no Patriarcado de Lisboa, (porque tinha sido extinta diocese de Leiria) e estudou no seminário de Santarém, onde foi admitido no dia 10 de Outubro de 1906, matriculando-se no primeiro ano.
Segundo os registos do seminário, poucos dias depois dos exames do primeiro ano de Teologia, recebeu a Prima Tonsura e os quatro graus das Ordens Menores. Foi em 6 de Julho de 1913. E, quanto às outras Ordens, nada mais consta do arquivo do Seminário devido ao facto de elas lhe terem sido conferidas noutro ou noutros locais, que não estão apontados no Livro das Ordenações.
Na revista “A Vida Católica”, de 5 de Agosto de 1916, vem publicada a notícia de que “Sua Eminência conferiu a sagrada ordem de presbítero, no dia 16 de Julho, na sua capela particular, a alguns Diáconos e a Manuel Frazão”. Ainda segundo a mesma fonte informativa, no dia seguinte fizeram exame de confessor e de pregador, tendo ficado aprovados por um ano.
Não se sabe em que data celebrou a Missa Nova, no entanto o semanário leiriense, “O Mensageiro”, de 24 de Novembro de 1916, referindo-se ao P.e Manuel Frazão, diz:
”Foi nomeado pároco do Paço, em Torres Novas este nosso amigo que este ano celebrou a sua primeira missa no Alqueidão da Serra, de onde é natural.”
A vida paroquial do Padre Manuel Frazão foi interrompida na altura em que foi convocado para cumprir o serviço militar, e teve de partir para o campo da batalha, como tantos outros portugueses.
A guerra de 1914/18 continuava a matar gente, a destruir cidades e a desgraçar o Mundo. Os alemães tinham declarado guerra a Portugal a 9 de Março de 1916.
Em Janeiro de 1918, Sidónio Pais, que acumulava o Ministério da Guerra, permitiu o “recrutamento” de novos capelães voluntários (Oficio n.º 141, de 16 de Maio de 1918).
Em Junho de 1918 Portugal enviou para França os seguintes Capelães:
- Manuel João Gonçalves
- Alexandre Pereira de Carvalho
- Manuel Francisco dos Santos
- Manuel Frazão
- João Augusto de Sousa
- Joaquim Antunes Pereira dos Santos
- António Alves Pacheco
- Manuel Ramos Pinto
O Padre Manuel Frazão acompanhou o primeiro grupo de enfermeiras militares portuguesas, que chegaram a Paris destinadas aos hospitais de base do C.E.P.
As Damas Enfermeiras do Triângulo Vermelho Português em Paris (antecessor da cruz vermelha) chegaram a Paris acompanhadas por dois capelães do exército português: o alferes-capelão Joaquim António Pereira dos Santos e o alferes-capelão MANUEL FRAZÃO.

Data 24-06-1918 Arquivo Hemeroteca Digital Tipo de Iconografia Imagem de publicação Fonte Ilustração Portugueza, série II, nº. 644, Lisboa, 24 de Junho de 1918, p. 497.
Estão presentes na imagem: no primeiro plano, da esquerda para a direita: Julia Peixoto Lima Beça e Encarnação Péon Sanches; no segundo plano: Marques da Silva, delegado oficial do Triangulo Vermelho Português em Paris, o alferes – capelão Joaquim António Pereira dos Santos, Aurora Alves Loureiro, […] de Sá Viana, Maria do Rosario Prego, Cecilia Freitas e Clotilde Gomes, Palmira Pinho, F. Conceição Faria e Maria de Lourdes e o alferes – capelão sr. Manuel Frazão (à direita).
Do Padre Manuel Frazão, em serviço nas trincheiras, sabe-se que em Setembro de 1918 pertencia à 1ª Brigada de Infantaria.
Era o “mestre escola” do Batalhão, fornecia aos soldados, por conta da Assistência religiosa, absolutamente gratuito, o papel e envelopes que precisavam para escrever todos os dias às suas famílias.
O Padre Dr. Avelino de Figueiredo na sua obra, “A Cruz na Guerra”, refere que o Padre Manuel Frazão consta na lista dos Capelães Militares que trabalharam em França.
O que é possível dizer sobre o regresso do Padre Manuel Frazão a Portugal, mais concretamente, sobre a data em que voltou, é o que em 5 de Junho de 1919, o correspondente do “Portomozense”no Alqueidão, noticiava:
”Encontra-se aqui o nosso amigo Padre Manuel Frazão, há pouco regressado de França, onde foi alferes-capelão. As nossas boas vindas.”
Ao regressar de França, ainda que a diocese de Leiria já tivesse sido restaurada, encontrou na mesma as freguesias dela que, por efeitos da extinção, tinham sido anexadas ao patriarcado de Lisboa. Isto porque a Santa Sé ainda não escolhera o Bispo da renascida diocese.
Foi por estes motivos e circunstâncias que o Padre Manuel Frazão ficou ao serviço de Pataias, lugar em que se manteve, mesmo depois de Leiria estar provida de Bispo próprio.
Foi depois nomeado pároco da freguesia do Paço, Vigairaria de Torres Novas, com a facilidade de binar na capela dos Soudos, da mesma freguesia, até ao fim do ano, que era o de 1921. Ao fim de algumas semanas de atroz sofrimento, faleceu em 22 de Julho desse mesmo ano e ficou sepultado no cemitério paroquial. Presidiu ao funeral e lavrou o assento de óbito o Padre João Vieira Amado, também natural do Alqueidão, que assinou como “pároco provisório”.
O Músico
A biografia do Padre Manuel Frazão ficava claramente prejudicada sem um apontamento, a respeito do seu gosto e clara tendência para a música.
Nasceu dotado de um extraordinário ouvido musical. A prova disso é um papel de musica que ele próprio ofereceu a Francisco Pereira Roque onde se lia na parte de cima da comprida folha:
“Ao Francisco Pereira Roque, oferece este “Te-Deum”, copiado de ouvido na igreja de (…), o Padre Manoel Frazão.”
Isto é a prova da excelência do seu ouvido e da memória musical de que era dotado. Doutra maneira, ser-lhe-ia completamente impossível reproduzir uma peça da natureza dum “Te-Deum”, sem recurso a qualquer ajuda.
O Padre Manuel Frazão ensinou música, quando era ainda estudante do Seminário, e do que aprendeu, interpretava vocalmente inúmeras composições religiosas, quer para missas cantadas quer para as cerimónias da Semana Santa.
Tocou o órgão nas solenidades realizadas na Sé Catedral de Leiria, quando o Sr. D. José Alves Correia da Silva fez a entrada solene na diocese.
Muito mais era de esperar do Padre Manuel Frazão se a morte não lhe ceifa a vida com pouco mais de trinta anos e sete meses.
Obrigado dulce.Como sempre,excelente trabalho….
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