O Anjo de Portugal é a essência espiritual em forma de um arcanjo que protege a nação portuguesa. Também é conhecido como Anjo da Paz ou Santo Anjo da Guarda de Portugal, designações que são atribuídas a São Miguel Arcanjo.
Em 2016 celebramos o centenário das aparições do Anjo de Portugal
Um ano antes das aparições de Nossa Senhora em Fátima em 1917, o Anjo de Portugal apareceu aos pastorinhos por três vezes. Foi por meio destes momentos com o Anjo, que as crianças foram preparadas para a vinda de Nossa Senhora.
Aconteceram algumas manifestações sobrenaturais antes da aparição do Anjo.
Lúcia, e mais três outras meninas, viram pairar sobre o arvoredo uma espécie de nuvem muito branca com forma humana. Nas Memórias da Irmã Lúcia (p.77), este momento foi descrito assim: “mais branco que se fora de neve, que o sol tornava transparente como se fora de cristal e duma grande beleza”, Em dias diferentes, esta aparição repetiu-se por duas vezes.
Foi na Loca do Cabeço que, num dia de primavera do ano de 1916, o Anjo apareceu claramente aos pastorinhos, pela primeira vez.
As crianças estavam a brincar quando sentiram uma forte rajada de vento, e viram que caminhava na sua direção um jovem resplandecente e de grande beleza, que aparentava ter 14 ou 15 anos de idade. A Irmã Lúcia descreve nas suas memórias o que se passou a seguir:
“Ao chegar junto de nós, disse:–”Não temais! Sou o Anjo da Paz“. E, ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão e fez-nos repetir três vezes estas palavras:
– “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e Vos não amam”.
Depois, erguendo-se, disse: – “Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”. E desapareceu!..
A atmosfera de sobrenatural que nos envolveu era tão intensa que quase não nos dávamos conta da própria existência por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.”
No verão de 1916, quando os três pastorinhos brincavam no terreiro da casa dos pais de Lúcia novamente o Anjo lhes apareceu.
A Irmã Lúcia descreve assim o que se passou:
– “Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
– Como nos havemos de sacrificar? – perguntei.
– De tudo o que puderdes, oferecei a Deus sacrifício, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.”
No fim do verão do mesmo ano, na Loca do Cabeço, deu-se a última aparição do Anjo, que a Irmã Lúcia nos descreve assim:
“Depois de termos merendado, combinamos ir rezar na gruta, que ficava do outro lado do monte. […] Logo que aí chegamos, de joelhos, com os rostos em terra, começamos a repetir a oração do Anjo: Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Etc. Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós brilha uma luz desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vemos o Anjo tendo na mão esquerda um cálice, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do cálice.”
Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, o Anjo prostrou-se em terra junto às crianças e com elas repetiu três vezes a oração:
“Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos de seu Santíssimo Coração [de Jesus] e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.
Depois, levantando-se, deu a Hóstia a Lúcia, e o cálice, deu-o a beber a Francisco e Jacinta, dizendo: “- Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos! Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.”
E prostrando-se de novo em terra, repetiu connosco outras três vezes a mesma oração: ‘Santíssima Trindade… etc’ e desapareceu. Nós permanecemos na mesma atitude, repetindo sempre as mesmas palavras; e quando nos erguemos, vimos que era noite e, por isso, horas de virmos para casa.”
Nossa Senhora apareceu em Fátima aos pastorinhos, a primeira vez, em 13 de maio de 1917.

Gravura de 1917, pertenceu a Adelaide da Silva Costa Assis (irmã do Fiscal Costa)