Chamava-se Manuel da Silva Santana Frazão e nasceu no Alqueidão da Serra em 10 de Fevereiro de 1940. Era filho de Manuel Santana Frazão e de Joaquina da Silva Pedro.
Frequentou a escola primária no Alqueidão, e quando completou 18 anos foi à inspeção militar tal como os rapazes da sua idade, e ficou apurado para a tropa.
Partiu em 1961 para Angola onde cumpriu o serviço militar.
Terminado o serviço militar regressou }a sua terra natal. Corria o ano de 1966.
Naquela época a falta de emprego era imensa. Portugal vivia uma ditadura, havia a guerra colonial e uma extrema pobreza. A melhor solução seria… emigrar. O Manuel decidiu então partir para França.
Estava em França há quatro meses quando foi vitima de um brutal acidente de viação que o atirou para o hospital, tinha 26 anos.
Parecia não haver retorno. Foi um acidente gravíssimo que deixou o Manuel estado de coma.
E assim ficou, em coma, num hospital em França. A família tão longe, numa angustia enorme por não poder fazer nada. Ninguém acreditava que sobrevivesse. Os pais deslocaram-se a França algumas vezes para o visitar no hospital.
Passaram 3 meses, e finalmente o Manuel acordou. Saiu do estado de coma e começou a recuperar lentamente. Já podia deslocar-se em cadeira de rodas, mas ainda permaneceu no hospital por mais dois anos.
Continuou a recuperar, no hospital, até já não necessitar de cadeira de rodas para se descolar. Quando finalmente o Manel teve alta do hospital o seu destino seria ir para uma Casa de Repouso mas os pais não permitiram, foram a França e trouxeram o filho para junto da família.
No Alqueidao da Serra, na companhia da família, o Manuel estava sempre alegre, e apesar de ter alguma dificuldade para andar, não passava nenhum dia sem dar a sua caminhada.
Todos os dias, quer chovesse quer fizesse sol, o Manuel percorria as ruas do Alqueidão, nas suas caminhadas. Sempre sorridente, cumprimentava toda a gente que encontrava no caminho.
Frequentou durante algum tempo o Centro de Dia do Alqueidão da Serra, participava nas atividades e era sempre uma presença animada nos passeios.
50 anos se passaram até que adoeceu e já não podia mais fazer as suas caminhadas pelo Alqueidão.
No dia da Festa de Nossa Senhora em 2016, 21 de Agosto, as irmãs vieram com ele à rua para ver passar a procissão com os andores, o que o deixou feliz da vida.
Faleceu 13 dias depois.
Hoje, 3 de Setembro lembramos o Manel Trinta, um homem que nunca deixou que o sofrimento estragasse a sua felicidade ou diminuisse a sua vontade de viver, e que com as suas gargalhadas deixava alegres todos os que passavam por ele.