“UM ALVITRE: O BISPADO DE LEIRIA”

Padre Júlio Pereira Roque
Foi com este título de capa, impresso no velhinho jornal “O Portomosense” de 21 de Novembro de 1903 que o padre Júlio Pereira Roque (Jupero) deu a conhecer, pela primeira vez, a sua visão: viver numa diocese de Leiria restaurada.
Recorde-se que o bispado de Leiria havia sido extinto há 22 anos por decreto papal de Leão XIII com data de 30 de setembro de 1881.
A visão do padre Júlio, inspirada na figura e nas memórias do velho pároco de Porto de Mós, Manuel do Espírito Santo, que coadjuvava, passou a guiar os seus dias, a encher de tinta a sua caneta de cronista fogoso na veste de um jovem padre, a atrair adeptos para a causa da restauração do bispado, mas também a criar muitas inimizades.
Na pacatez da sua vida de padre coadjutor em Porto de Mós, Jupéro soube ler algumas notícias vindas de Roma como a janela de oportunidade para concretizar a sua visão.
Com efeito, o papa Leão XIII morrera aos 93 anos de idade, nesse ano de 1903 e o seu sucessor, o papa Pio X, nomeou D. José Alves de Matos, natural do Souto da Carpalhosa, Leiria, para Arcebispo de Mitilene, título atribuído ao bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa.
Naquela época, a parte sul da diocese de Leiria pertencia precisamente ao Patriarcado de Lisboa e a nomeação daquele ilustre leiriense deu a Jupéro o pretexto para iniciar a campanha pela restauração do bispado.
O padre Júlio depositava em D. José Alves de Matos fundadas esperanças na concretização do seu sonho e em 21 de Novembro iniciou, com o seu artigo de opinião “Um Alvitre: o Bispado de Leiria”, uma difícil e longa campanha pela restauração da Diocese de Leiria.