...continuação
“EXÍLIO DOURADO”

Jupéro aceitou capelania da Quinta da Penha Longa, em Sintra.
A venda do jornal “O Portomosense”, onde Jupéro publicava regularmente as suas crónicas, teve como consequência a alteração da linha editorial e ideológica do semanário que passou a ter uma orientação próxima do movimento republicano. Jupéro ficou, assim, sem espaço e sem tribuna para prosseguir a campanha pela restauração da Diocese, muitas vezes feita de palavras inflamadas pelo entusiasmo das convicções que professava.
Vencido pelas circunstâncias, mas não desistindo da sua causa, o padre Júlio decidiu aceitar o convite do Bispo Auxiliar de Lisboa e partiu para o “exílio dourado” na Quinta de Penha Longa em Sintra onde a infelicidade de um acidente de automóvel o deixou com sequelas permanentes na perna que fraturou.
Foi daquela quinta no sopé da serra de Sintra, que assistiu, atento e pouco sereno, à implantação da República e foi dali que retomou, com o vigor e a contundência de sempre, as suas crónicas de carácter político-religioso.
Falar da restauração do Bispado nos termos do moribundo regime monárquico era, neste novo cenário político, o mesmo que defender os tradicionais valores do catolicismo, criticar a Lei da Separação (entre o Estado e a Igreja) e lutar politicamente contra o ideário republicano em processo de implementação no país. Por algum tempo, defender a causa da restauração do Bispado de Leiria foi sinónimo de defesa da causa monárquica.
Com colaborações em jornais católicos como “Ecos do Lis”, de Leiria, “A Ordem”, publicado no Porto, “Correio Nacional” editado em Lisboa e ainda no periódico “A Época”, Jupéro era agora um influente cronista, temido e respeitado, cuja inegável notoriedade pessoal colocava generosamente ao serviço da sua missão de sempre.
Continua…