Não é difícil encontrar na nossa terra pessoas, já com alguma idade, que ainda se lembram de ouvir a costureirinha.
O que é que elas ouviam?
Dizem que se ouvia distintamente o som de uma máquina de costura, das antigas, aquelas de pedal, o cortar da linha e até o som de uma tesoura a ser pousada em cima da máquina, ou seja, sons de um trabalho de costura.
O som da máquina de costura a trabalhar podia ouvir-se nas casas, em qualquer divisão. Ouvia-se perfeitamente o barulho que fazia a costureirinha a trabalhar.
Mas quem era ela?
Diz-se por aí que se tratava de uma costureira que, em vida, costumava trabalhar ao domingo, não respeitando o Dia do Senhor. Foi condenada a costurar para sempre.
Crenças de um povo com grandes tradições religiosas que temia o castigo de Deus quando não se respeitavam as coisas sagradas.
A costureirinha era, portanto, uma alma penada a expiar os seus pecados. Ninguém se assustava quando a ouvia, ela estava só a cumprir a sua pena. Trabalhava sem parar.
Agora já não se ouve a costureirinha em casa nenhuma, em lado nenhum!… Será que terminou o seu castigo e descansa agora em paz?
Ou será que foi a luz eléctrica e os serões passados em frente à televisão, que a afastaram para sempre? Ou as novas construções que acabaram de vez com os bichos que roíam a madeira?
Origem no Baixo Alentejo- Cuba. José Saramago fala no assunto em “Pequenas Memórias”. Também a cheguei a ouvir, ou assim me pareceu, quando era criança. Penso que a ciência tem uma explicação para isso quando fala de acufenos.
GostarGostar