1527
Segundo a contagem oficial e a nomeação de povoações, que constam do cadastro que D.João III mandou fazer em 1527, havia no Alqueidão e no Casal do Zambujal, apenas 4 habitantes. Esta contagem não refere quantos habitavam no Zambujal e quantos habitavam no Alqueidão. Reporta apenas que no conjunto eram 4.
1837
A primeira estatística em que a Freguesia se nos apresenta unificada, diz respeito ao ano de 1837, e refere que no lugar de “Azambujal” existiam 5 casas de habitação.
No dicionário da língua portuguesa Zambujal significa Mata de Zambujeiros, (Azambujal), ou seja, local onde crescem oliveiras bravas, no entanto os livros escolares utilizados no final do século XIX, afirmavam que no Zambujal também existia ferro.
Na segunda metade do século XIX franceses e ingleses manifestaram interesse em pesquisar carvão e ferro no concelho de Porto de Mós. Consta dos livros de Acórdãos da Câmara Municipal.
Depois da deliberação da Câmara Municipal, o explorador inglês George Croft realizou alguns trabalhos no Zambujal, em Santo Estevão e no Cabo da Várzea.
Em Dezembro de 1967, segundo um registo do Padre Américo Ferreira viviam no Zambujal apenas três famílias, mas tempos houve em que o Zambujal foi um lugar bastante habitado. Sobre os habitantes do Zambujal, o povo conta uma lenda:
Século XVIII
No Alqueidão existiam propriedades que pertenciam aos Conventos, Batalha, Alcobaça, Porto de Mós, etc, e quem amanhava esses terrenos tinha que pagar um foro anualmente. Os habitantes do Zambujal que pagavam essa renda ou foro, eram:
– MANUEL VIEIRA, filho de João Vieira, do Zambujal, pagava o foro anual de vinte e um alqueires de trigo, dez de cevada e duas galinhas, ou duzentos e quarenta reis por cada uma. A paga era em 15 de Agosto ao Convento da Batalha.
– MORGADO, Francisco. Era do Zambujal. Tinha um prazo pertencente à Colegiada de S. João, Porto de Mós, pelo qual pagava 49 alqueires de trigo. No Zambujal possuía um “talhinho” atrás das suas casas e amanhava terras “onde chamam o Ribeiro”, nas Capelas, no Falgar. Isto em 15 de Agosto de 1779.
Século XIX
– PERES, Francisco. Do Zambujal, faleceu em 24 de Janeiro de 1861.
– LILO, Manuel António. Nasceu no Zambujal, onde faleceu em 26 de Maio de 1874, com 56 anos. Casado com Maria Pirez, neto de avós incógnitos, por ambos os lados, não deixou descendência.
No período compreendido entre 1834 e 1926 foi grande o numero de pessoas do Alqueidão que emigraram para o Brasil, para trabalhar no cultivo do café e da cana da açúcar. No Arquivo distrital de Leiria encontram-se os passaportes das pessoas do Alqueidão que emigraram para o Brasil, incluindo aqueles que habitavam no Zambujal.
Século XX
Quer fosse por força da emigração, pelo isolamento, ou outro motivo qualquer, o que é certo é que os mais novos foram abandonando o lugar, foram casando e constituindo as suas famílias noutros lugares, até que o Zambujal ficou apenas com um único habitante, e as casas foram-se degradando com o tempo.
Das últimas famílias que habitaram as casas do Zambujal, existe apenas a memória dos netos que ainda vivem no Alqueidão da Serra, todos eles já com idades acima dos 70 anos.
Memórias das famílias que viveram no Zambujal
Alfredo de Matos dizia que no Zambujal cresciam lindas violetas que ele costumava apanhar para oferecer à mãe.
Nos finais do século XIX habitavam no Zambujal duas irmãs de alcunha “Saldanha”, casadas com dois irmãos de alcunha “Roubador”.
O caminho era pelo Falgar, e logo no inicio da subida ao lado direito vivia a Teresa Saldanha, numa casa cujas ruínas ainda hoje lá estão.

Teresa de Jesus Batista
Teresa de Jesus Batista (Teresa Saldanha) casada com Felício Vieira Catarino e os seus quatro filhos:
- Ana de Jesus Batista foi viver para as Pedreiras
- Maria de São José Batista foi para Pampilhosa da Serra
- Maria da Conceição Batista nasceu a 2 Dezembro de 1905, veio a casar com Manuel de Matos Santana, tiveram uma filha, foram viver para Lisboa.
- Manuel de Jesus Batista emigrou para o Brasil, lá casou com Ana Maria Rosa Mathia, tiveram 18 filhos, não voltou ao Alqueidão. Morreu no Brasil.

Manuel de Jesus Batista, no Brasil, com a esposa e filhos . Foto enviada do Brasil para a Teresa Saldanha conhecer os netos
Dos 18 filhos do Manuel, 5 morreram ao nascer. Criaram 13: Ari, Tereza, Manuel Filho, Neusa, Alice, Carlos, José, Hilário,Vera, Fátima, Ana Maria, Conceição, e Adelino.
Ari , Fátima e Manoel filho já faleceram. Todos os outros vivem no Brasil. A mais nova, Alice tem 69 anos (em 2018), e a mais velha, a Teresa tem 75.
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Em frente à casa da Teresa Saldanha, do outro lado do caminho, estava a casa da Emília Saldanha.
Emília Saldanha casada com António Matos (Roubador) e os seus cinco filhos:
- Ana de Matos casou com António Santana, não tiveram filhos. O ti António era carpinteiro e trabalhava numa casinha que hoje é da Casa do Povo e que fica perto da Lavandaria. Faleceram numa casa junto ao Cruzeiro.
- Aida de Matos não casou e não teve filhos. Foi servir para Lisboa. Os patrões foram para para França e ela foi com eles. Faleceu em França.
- Mónica de Matos não casou e não teve filhos. Foi servir para Alcobaça. Faleceu em Alcobaça.
- Maria de Matos casou com José Costa e não teve filhos (foi a segunda esposa de José Costa (pai do Espiritual). Foi viver para a Carreirancha.
- José de Matos casou com Maria da Conceição Calvário, a quem toda a vida chamaram ti Cristina, e tiveram 4 filhos: Lucinda, Amália Carunça, Revisa e Celeste.
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Do lado direito de quem sobe o caminho, logo a seguir à Teresa Saldanha estava a casa do Manuel Roubador.
Teresa Epifânia e Manuel de Matos (Roubador) e os seus oito filhos:
-
António de Matos
António de Matos Júnior casou com Maria Rabicha e foram viver para a Carreirinha.
- José de Matos, casou com Águeda e foram viver para a Rua de São José no Alqueidão. São os pais da Maria Roubadora e da Ti Júlia do Roubador.
- Manuel de Matos casou com Aurora de Porto de Mós
- Maria da Conceição Matos casou com Manuel Santana foram viver para uma casa junto ao Cruzeiro. São os pais de João Faz Tudo, + António Santana (chamavam-lhe o ti António Coxo que casou com a ti Ana filha da Emília Saldanha) + Manuel de Matos Santana + Maria da Conceição Matos Santana.
- Maria da Conceição casou com João Correia (Zambujeiro) foram viver para a Rua A-do-Ferreiro no Alqueidão.
- Maria de Matos foi viver para a Torre.
- Virginia de Matos não casou, não teve filhos, e foi viver para Porto de Mós
- Júlia de Matos não casou e não teve filhos.

Maria da Conceição Matos e Manuel Vieira Santana com o Filho João de Matos Santana (João faz tudo)
Nesta família duas irmãs tinham o mesmo nome, chamavam-se, as duas, “Maria da Conceição”. E porquê?… Porque era usual as crianças ficarem com o nome da madrinha. Este casal já tinha uma filha que se chamava Maria da Conceição, mas quando nasceu a mais nova, a Madrinha do batismo chamava-se Maria da Conceição e a menina tinha que ficar com o nome da madrinha.

Primeira à esquerda Maria da Conceição Matos, Teresa de Jesus Batista, Maria da Conceição Matos Santana, Maria da Conceição Batista Santana e Manuel Matos Santana
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Do lado esquerdo do caminho, depois de passar a casa da Teresa Epifânia estava a casa do Manuel Catarino, que era dos Vales e tinha a alcunha de “Farmaceutico”.
Manuel Catarino e Joaquina Amado com os seus seis filhos:
- José casou com a Joana Farrompes e tiveram 4 meninas, eram elas, a Amália Catarino, a Francelina do Zambujal, a Maria de Jesus que casou com o Bicho da Seda e a Ludovina que foi viver para Vila Moreira.
- Joaquina da Conceição, casou nas Pedreiras.
- Deolinda foi viver para a Fonte do Oleiro. Era a mãe do Silvino.
- Laura da Silva Catarino ficou a viver na Rua da Senhora da Tojeirinha no Alqueidão.
- Augusto Catarino de alcunha “Somara” casou com a Ti Emilia do Zambujal e sempre viveram no Zambujal.
- Maria, a quem chamavam a ti Maria do Coxo, casou o Xico Balugas e ficaram a viver no Alqueidão onde criaram os seus filhos, que eram:A Laurica Pirralha que casou com o Manel Sortivão e fizeram a sua casa no Zambujal; O Rafael que casou com a Carmita e ficaram a viver no Alqueidão; O Manuel que casou com a Rosa (da Rosóptica) e foram viver para Leiria; A Fernanda que morreu ainda bebé; A Violeta que morreu com sete anos, atropelada pela camioneta da carreira, na estrada de Porto de Mós, perto do Zambujal. Chamava-se Violeta, talvêz para lembrar as violetas que cobriam os campos do Zambujal, seguia com outras pessoas atrás de uma carroça, e atravessou a estrada de repente.
Manuel Catarino e Joaquina Amado tieveram 6 filhos, 4 raparigas e 2 rapazes, e quis o destino que os dois rapazes desta família fossem encontrados enforcados, já depois de casados e com filhos. Ninguém sabe que motivos levaram a este tremendo acto de desespero, mas no caso do José dizem que pode ter sido por causa da bebida, porque a ti Joana pedia-lhe constantemente que parasse de beber para poder trabalhar e ganhar o sustento da família, mas ele nunca esquecia onde tinha a garrafa.
As Gerações Seguintes
Um filho de Manuel Catarino, o Augusto, a quem chamavam “Somara”, casou com uma rapariga dos Vales e ficaram a viver no Zambujal, na casa que era do Manuel Catarino.
Augusto Catarino e Emilia da Piedade.
Tiveram cinco filhos. Nenhum deles ficou a viver no Zambujal.
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Duas netas do Manuel Catarino, a Laura e a Francelina, construíram as suas casas no Zambujal:
1 – Laura Pirralha e Manuel Sortivão
Construíram a casa no Zambujal e lá viveram até 1964. Depois mudaram-se para o Alqueidão. A casa do Zambujal, construída pelo Manel Sortivão, ficava mesmo junto à entrada da pedreira que ainda hoje lá existe, mas que na altura era explorada pelo Toino da Laura e pelo Luis Vieira Santana. Esta casa foi depois habitada, durante um tempo, por Mário Ramos e sua esposa Olga com os seus dois filhos. Encontra-se desabitada há longos anos, pelo que já é grande o seu estado de degradação.
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2 – Francelina e Américo Real Vieira (Mequinha)

Francelina de Jesus Vieira Nasceu a 25-09-1936
Viveram toda a sua vida no Zambujal e lá criaram todos os seus filhos que depois de casados foram viver para outros lugares. Apenas uma filha ficou a viver na casa dos pais.

Américo Real Vieira nasceu a 9 de Março de 1929
Foi construída no Zambujal uma casa nova para uma filha da Francelina que afinal acabou por ir viver para a Nazaré. Esta casa foi agora adquirida por um trineto da Emília Saldanha.
2480-027 Zambujal
Seguindo o caminho agrícola do Falgar, passamos pelas ruinas da casa da ti Emília do Zambujal, e chegamos à estrada que tem o nome de Rua do Zambujal.
Agradecimentos Especiais
A todos os que me ajudaram com as suas memórias, fotografias e documentos:
- Marlene Campos dos Reis no Brasil
- Lucinda do Padeiro
- Júlia do Zambujeiro
- Gracinha e Nini
- Suzete e Nela
E ainda à memória de Alfredo de Matos que continua enviando luzes através dos escritos que deixou.
GRATA
Agradeço muito esta excelente lição de história da Dulce.
O Zambujal sempre despertou a curiosidade dos miúdos da minha geração: estava tão perto da fonte que era impossível não dar um pulinho quando íamos buscar água. Naturalmente que a tia Laura e o Manuel, bem como o Américo e a Francelina, e também a tia Emilia e seus filhos,
são as pessoas que a minha memória não esqueceu.
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Boa tarde,
Primeiramente adorei saber onde meus antepassados nasceram e viveram.
Seu nome era Antonio Rodrigues de Figueiredo, filho de Manuel Rodrigues de Figueiredo e de Ignacia Pereira.
Estou buscando informações e dados sobre eles (certidões de nascimento, batismo), princialmente do meu bisavô.
Caso alguém saiba me informar como consigo tais documentos, ficaria muito grata.
Atenciosamente,
Gloria Rada Simon
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E sempre um prazer ler a história de uma parte da minha família, e foi no Zumbujal que eu nasci 👏❤
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Gostei da historia do zambujal onde nasceu o meu avô José de Matos obrigada dulce gabriel
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Obrigado pelo documento e pela fotografia dos meus pais, toda a minha infancia de 1 aos 10 anis, muito obtigado
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