Os Sapateiros

De entre as profissões que desapareceram encontramos a profissão de Sapateiro. Quando não existiam à venda sapatos já feitos, as pessoas andavam descalças ou tinham que mandar fazer sapatos por medida aos sapateiros.

Em 1305, o Rei Eduardo I decretou que a medida de uma polegada deveria equivaler a três grãos secos de cevada, e estabeleceu assim medida padrão para o fabrico de calçado. Os sapateiros passaram a fabricar calçado seguindo esta medida, ou seja, um sapato de criança, que medisse treze grãos secos de cevada, recebia a medida padrão treze.

No Alqueidão quem se dedicava a esse trabalho de fazer sapatos era:

  • O Farramenta (pai da ti São Brilhanta) trabalhava na Rua de Cima numa casa perto do lugar onde hoje é a Farmácia.
  • O Rafael Gabriel trabalhava numa casa em frente da atual Casa do Povo. Foi quem fez os sapatos para o casamento da tia Adélia Locádia.
  • O Caturra (pai do Alfredo de Matos) trabalhava na sua casa em frente à Igreja
  • O Afonso Safrino trabalhava na sua casa onde hoje é a clinica Saude e Sorrisos
  • O José de Matos Galo (marido da tia Amélia) trabalhava na sua casa no atual Largo do Fiscal Costa na estrada para Porto de Mós.

José de Matos Galo, perto da sua sapataria

O Zé de Matos Galo era filho do Adriano Galo e da ti Doroteia que viviam numa casa onde hoje é o parque de estacionamento do Centro de Dia.

O Zé de Matos Caturra era o pai do Alfredo de Matos e vivia com a família numa casa em frente à Igreja.

Porque muitos nomes eram iguais eles eram mais conhecidos pelas alcunhas. Para evitar alcunhas, e para não haver enganos, nos Casais dos Vales usavam colocar o apelido Desenganar, quando já havia outra pessoa com o mesmo nome.

As casas do Alqueidão eram todas construídas ao longo dos caminhos principais. As únicas casas que existiam para além do Cruzeiro, eram o ti Marinha e o Carenco. A Carreirancha ficava muito longe mas também lá existiam sapateiros.

Por vezes os sapateiros eram contratados para ir arranjar calçado a casa das pessoas, ou fazer sapatos novos caso fosse necessário, ou seja, trabalhavam ao domicilio e ganhavam entre 200 e 240 reis.

O calçado de trabalho era untado com sebo, para ficar mais maleável e impermeável e para durar mais tempo. As botas de trabalho dos homens eram cardadas e com protectores na sola.

O sapato por medida é coisa do passado, nos tempos que correm os sapateiros apenas consertam o calçado.

25 de Outubro dia do Sapateiro

Por volta do ano 280, os irmãos Crispim e Crispiniano, que pertenciam à classe rica daquela época, converteram-se ao Cristianismo. Foram perseguidos pelos governantes e tiveram que sair de Roma. Foram para Gália e passaram a trabalhar como sapateiros.

Diz-se que certo dia, fugindo do imperador, passaram a noite na casa de uma senhora e no dia seguinte, depois de eles terem ido embora, ela percebeu que tinham deixado um sapato cheio de moedas de ouro.

Dizem que foram capturados e amarrados numa pedra e atirados no rio, mas que conseguiram sobreviver. Quando os encontraram prenderam-nos e em seguida foram decapitados.

Passaram mil anos e,  por volta de 1.300, o Cristianismo tomou conta de Roma. Nessa altura  um bispo recuperou as vestes dos irmãos e criou uma Igreja em sua homenagem.

Foi então convencionado o Dia 25 de outubro como o Dia do Sapateiro, em homenagem aos irmão Crispim e Crispiano.

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Uma resposta a Os Sapateiros

  1. 60emais diz:

    Muito interessante este post. Obrigado.

    Gostar

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