Dizem que quando a sagrada família fugiu para o Egito com Maria levando em seus braços o menino Jesus, as flores do caminho iam se abrindo à medida que eles passavam por elas. O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados, o lírio abriu seu cálice. O alecrim, sem pétalas nem beleza, se entristeceu lamentando não poder agradar ao menino.
Cansada, Maria parou à beira do Rio e, enquanto a criança dormia, lavou as suas roupinhas. Em seguida, olhou em redor, procurando um lugar para estendê-las.
– O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais. Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a nova oportunidade e as sustentou ao Sol durante toda a manhã.
– Obrigada, gentil alecrim! – disse Maria. – Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não são apenas as flores que te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentaram as roupas do pequeno Jesus serão aromáticos.“Eu abençoo folha, caule e flor, que a partir deste instante terão aroma de santidade e emanarão alegria”.
A flor do monte, o Alecrim, que cobre as nossas serras tem inúmeros benefícios para saúde. Entre muitos outros benefícios ele combate a diabetes e o reumatismo, activa as funções do pâncreas e estimula a circulação.
Este Maio foi diferente em tudo. Não pelas melhores razões.
Para travar a evolução da pandemia Covid-19 tivemos de ficar longe uns dos outros, cada qual na sua casa, sem celebrações comunitárias, ou outros eventos, sem festas ou grandes jantares de família.
Maio é o mês da festa de encerramento da actividade desportiva no CCR, o mês da festa de encerramento da Catequese e é também o mês da primeira comunhão, da profissão de fé, do dia da Mãe… Mas não este ano! Foi tudo suspenso.
A Igreja está fechada, no entanto ela é decorada todas as semanas com flores novas, honrando Aquela Presença que nunca nos abandona.
A missa é celebrada na mesma, com duas ou três pessoas presentes, e transmitida em direto através da página do Facebook da paróquia.
Maio é por tradição dedicado a Nossa Senhora. Como não pudemos estar juntos o padre Vitor reza o terço todos os dias na Capela de Nossa Senhora da Tojeirinha, e transmite através da página do Facebook, de forma que, os que quiserem podem estar unidos em oração à mesma hora.
Os utentes do Centro de Dia, ficam cada um na sua casa, com a assistência das funcionárias do Centro que tomam todas as precauções necessárias para evitar contágios. Neste contexto, a imagem de Nossa Senhora diante da qual os idosos costumam rezar o terço todos os dias, ficou sozinha também. Assim sendo, a imagem foi colocada à janela, mais perto das pouquíssimas pessoas que passam na rua.
Maio é o mês da grande peregrinação a Fátima… Mas não este ano.
Pela primeira vez na história as celebrações de 12 e 13 de Maio, que marcam o aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos em 1917, foi comemorado sem peregrinos.
A GNR controlou todos os acessos a Fátima com o objetivo de impedir que os peregrinos entrassem no santuário.
As celebrações decorreram no recinto, mas este estava encerrado devido às regras sanitárias definidas pelo Governo em articulação com a Conferência Episcopal Portuguesa.
O Papa Francisco também se associou às cerimónias enviando uma mensagem que foi lida pelo Bispo de Leiria-Fátima: “À pandemia do vírus queremos responder com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura. Permaneçamos unidos. Façamos sentir a nossa proximidade às pessoas mais provadas e necessitadas”.
O Santuário de Fátima costuma ser um “mar de luz” nas noites de 12 e 13 de maio. Em 2020 nada é igual.
A emotiva procissão do adeus, com a multidão acenando com lenços brancos, também não existiu este ano em que as pessoas foram obrigadas a ficar em casa. Todos estavam representados pelas bandeiras de todos os países do mundo. Curiosamente este ano quando deram início à procissão a imagem de Nossa Senhora quase caiu do andor.
Chegando ao último domingo de Maio, dia 31, com o levantamento das medidas restritivas impostas pelo governo, já pudemos voltar à nossa vida normal…
Vida normal? Isso é que não é possível ainda.
De regresso às missas comunitárias, a realidade a que teremos que nos habituar passa por levar a máscara, desinfectar as mãos e não se aproximar de ninguém. No final voltar logo para casa evitando os grupinhos e as conversas. Idosos e pessoas com doenças crónicas são aconselhadas a ficar em casa. No Alqueidão a missa é na rua, no Adro da nossa igreja.
Terminou o Mês de Maio, especialmente dedicado a Nossa Senhora.
O encerramento do mês de Maria este ano todo ele fora do normal foi em frente à Capela de Nossa Senhora da Tojeirinha.
E agora passamos para o mês de Junho que é tradicionalmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus.
Ao olhar a lua, parecia-nos ver algo que se parecia a um homem com um molho de silvas às costas, e diziam que ele estava lá de castigo por ter trabalhado ao domingo.
Domingo é dia Santo. Não se trabalha, (a não ser que sejas caixa de supermercado ou trabalhes num restaurante), mas o homenzinho não quis saber de nada disso: “o sitio até é escondidinho… ninguém vê”.
E como castigo foi parar à lua para toda a gente ver. Que vergonha!
Durante séculos esteve lá, e quando olhávamos a lua lembrávamos sempre o desgraçado do homenzinho da lua, e o dever de respeitar as coisas sagradas. Agora já deve ter cumprido a pena, porque nunca mais ninguém falou dele.
A lua cheia, no mês de Maio tem vários outros nomes. Ela chama-se Lua das flores, Lua plantio de milho, Lua do Leite e Lua da Mãe. Porque é Primavera, porque festejamos o dia da mãe, e porque a lua influencia as nossas vidas.
A Lua Cheia possui uma energia tão forte que influencia até o nascimento de bebés. Nesta altura ficamos mais emotivos e impulsivos. Este não é o momento de decidir nada, no entanto é uma fase boa para cortar o cabelo se pretender que ele tenha mais volume.
Há alturas em que a Lua Cheia é maior e mais brilhante que o habitual, chamamos-lhe “Spuer Lua”. A última Super Lua Cheia deste ano de 2020, aparece a 7 de Maio.
Como consequência da Pandemia, iniciamos a Semana Santa sem poder sair de casa.
Já morreram 295 pessoas em Portugal devido à covid-19. Segundo a DGS, há mais de 11.278 casos confirmados, sendo que 75 pessoas já recuperaram. Hoje no Concelho de Porto de Mós não há novos casos de infeção por Covid-19.
Vivemos este domingo como Jesus no Horto das Oliveiras. A nossa alma está numa tristeza de morte. Temos:
os hospitais cheios de doentes e muitos em isolamento em casa;
os profissionais de saúde que arriscam a vida todos os dias para tentar salvar os outros;
os que não resistiram;
as pessoas que estão sozinhas
e aqueles que não têm os bens essenciais à vida.
Não temos a Benção dos Ramos, acompanhamos as orientações do nosso Bispo e do nosso pároco, sozinhos em casa, sem visitas e sem juntar a família toda, esperando que esta amargura termine rápido. Tal como nos foi proposto colocamos uma cruz e um ramo nas nossas portas, para celebrar este dia que dá inicio à Semana Santa.
Segunda, 6 de Abril
Em Portugal, o número de infetados subiu hoje para 11730. Temos 1099 doentes internados e já morreram 311 pessoas. Os cidadãos recuperados passaram de 75 para 140.
Hoje, 6 de Abril, registamos o 3º caso de Covid-19 no concelho de Porto de Mós. Trata-se de um cidadão do sexo masculino, com idade entre 40 e 50 anos e residente na freguesia de Mira de Aire.
Terça, 7 de Abril
No total, há 12.442 casos confirmados de covid-19 em Portugal, dos quais morreram 345 pessoas, 34 nas últimas 24 horas, segundo o boletim da DGS divulgado esta terça-feira.
Hoje, dia 7 de Abril não se registou qualquer novo caso positivo em resultado dos testes efetuados à COVID-19 a residentes no Concelho de Porto de Mós.
Quarta, 8 de Abril
Já morreram 380 pessoas em Portugal. Há 13131 doentes com a covid-19.
De acordo com o comunicado do presidente da Câmara, válido para o dia de hoje, não se registaram novos casos de infeção por covid-19 a residentes no concelho de Porto de Mós nas últimas 24 horas.
Hoje, 8 de Abril, são reforçadas todas as medidas de contenção desta Pandemia que começou em Portugal em Março de 2020, e, continuamos fechados em casa. Estamos no 22º dia de quarentena:
O preço da gasolina é 1,10 €;
O preço do gasóleo é 1,14;
Escolas fechadas- começam as aulas em casa;
As medidas de distância são obrigatórias;
Número limitado de pessoas dentro das lojas, bem como à porta da loja;
Lojas e negócios desnecessários fechados;
McDonalds e outras superfícies… Fechado! (nos restaurantes só takeway possível);
Casamentos, festas de família e de ano – cancelado;
Funerais – apenas 10 pessoas, não são permitidos abraços e sem culto porque as igrejas estão “fechadas”;
Sem contato direto com alguém fora da sua casa.
Temos que manter a distância um do outro.
Temos falta de máscaras, bata e luvas para os nossos heróis na frente.
Nos supermercados esgota-se o papel higiênico, o álcool, a farinha, o fermento e o desinfectante de mãos.
Destilarias e outras empresas mudam as suas linhas de produção para ajudar a fabricar viseiras de proteção, máscaras e desinfectantes de mãos.
Os governos fecham as fronteiras para todas as viagens desnecessárias.
As multas agora são multas por violação de regras.
Estádios e outras instalações de lazer estão fechadas, e transformam-se em instalações hospitalares para a assistência de pacientes com Covid 19 que não têm mais lugar nas clínicas ou hospitais.
Comunicados diários do governo e da OMS.
Atualizações diárias sobre novos casos, recuperações e mortes.
Dificilmente alguém anda pelas ruas.
Pessoas usam máscaras e luvas.
Os funcionários mais importantes dos serviços têm medo de ir trabalhar.
O pessoal médico tem medo de ir para casa para junto das suas famílias.
Centro de Saúde de Porto de Mós
Quinta-Feira Santa, 9 de Abril
O último balanço das autoridades de saúde pública aponta para 13.956 casos confirmados de infeção e 409 mortes pelo novo coronavírus em Portugal.
O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, informou que há um quarto caso de infecção por COVID-19 no concelho de Porto de Mós. Trata-se de um «cidadão de sexo masculino, com cerca de 60 anos de idade e residente na freguesia de Porto de Mós».
A Missa da Ceia do Senhor que se realiza na Quinta-Feira da semana santa, assinala o fim da Quaresma e o início do Tríduo Pascal.
Quando nos podíamos reunir, era nesta celebração que ocorria o ritual do lava-pés, baseado no relato da Bíblia (João 13:1-17), que menciona que Jesus lavou os pés aos seus discípulos durante a Ultima Ceia. No final desta celebração, fazia-se a trasladação do Santíssimo para um altar lateral, onde permanecia até à Vigília Pascal, o que pretendia significar que nos próximos dias Jesus seria morto e sepultado.
Este ano tudo é… silêncio!.
10 de Abril, Sexta-Feira Santa
Portugal regista hoje 435 mortes associadas à Covid-19 e 15.472 infetados.
De acordo com as autoridades de saúde pública não se registaram novos casos de infeção por covid-19 a residentes no concelho de Porto de Mós nas últimas 24 horas, mantendo-se os 4 casos positivos.
11 de Abril, Sábado Santo
Desde o início da pandemia já morreram 470 pessoas por COVID-19 em Portugal. No total, registaram-se 15.987 casos de infeção.
1 – Alqueidão da Serra: Apontamentos para a sua História – de Alfredo de Matos;
2 – A Comarca de Porto de Mós – de Alfredo de Matos;
3 – Dom António Pinheiro – de Alfredo de Matos;
4 – A Escola de Frei José e Frei Manuel da Conceição na Serra de Santo António – de Alfredo de Matos;
5 – Da Pré-História à Actualidade: Monografia de Porto de Mós – de Francisco Furriel;
6 – José da Silva Catarino: Uma Visão para além da Serra – de Nuno Matos
7 – Wikipédia
8 – Jornal “O Portomosense”
9 – Jornal “O Mensageiro”
10 – Tradição Oral