O Padre Rolo (Joaquim Pereira)

Nasceu em Alqueidão da Serra no dia 7 de Agosto de 1880, e foi baptizado na igreja paroquial. Seus pais chamavam-se Joaquim Pereira, que também usava o nome de Joaquim Pereira Rolo, e Maria Carreira, ambos naturais do Alqueidão.

Feitos os estudos gratuitamente na escola do Padre Afonso, entrou para o Seminário Patriarcal de Santarém que frequentou desde 1893 até 27 de Junho de 1903, data em que acabou o curso teológico de quatro anos.

Quando este rapaz fez o quarto ano no seminário de Santarém, o pai, que era muito pobre, foi busca-lo, e, muito satisfeito com o resultado dos seus estudos, disse-lhe:

– Ó rapaz, visto que te portaste bem com os teus estudos, eu hoje quero dar-te um almoço de fidalgo.

E levou-o a uma hospedaria onde almoçaram uma boa pratalhada de carneiro guisado com batatas. Já bem tratados, o pai pensou  que talvez aquilo não fosse o bastante para premiar o filho, e disse-lhe:

– Vê lá se te apetece mais alguma coisa.

O rapaz que até já tinha ouvido falar em bifes, mas nunca lhe tinha posto a vista em cima, disse timidamente:

– Talvez uns bifes.

O pai imediatamente chamou a empregada e perguntou-lhe:

– Ó minha senhora, tem bifios?

Perante a resposta afirmativa disse então à empregada que lhe trouxesse uns dez reis deles, só para provar!…

bife

Quanto ao exame para presbítero,  fê-lo em 16 de Junho de 1903.

Foi ordenado de padre, pelo Arcebispo de Mitilene, D. José Alves de Matos, na capela do Seminário de Vicente do Fora em Lisboa, a 20 do Dezembro de 1903, segundo consta do Arquivo da Câmara Patriarcal, 1º Livro de Registo de Cartas de Ordens, fls. 90.

Quanto à sua “Missa-Nova”, vale o que se diz na biografia do Padre Vieira Inácio e do Padre Vieira Real.

Em 14 de Janeiro do 1904, foi nomeado coadjutor da freguesia de Loures. Nessa altura, pertenceu ao número dos que enquadraram a comissão de antigos diocesanos de Leiria que foi pedir ao Governo um Bispo para Leiria, depois da campanha feita por Jupero (Júlio Pereira Roque) , no jornal “O Portomosense”.

Padre Julio

Padre Júlio Pereira Roque

Por provisão patriarcal de 4 de Abril do mesmo ano, com a validade de um ano, o padre Rolo passou a coadjutor da Pederneira, qualidade em que, por documento eclesiástico de 27 daquele mês e ano, começou a celebrar na capela de Fanhais.

Em 27 de Abril de 1905, foi-lhe renovada a carta de coadjutor da Pederneira, com três cláusulas: fazer homilia, dar a catequese e satisfazer até Junho, a esmola de 5.000 reis, em vez da terça do ano findo.

A 26 de Março de 1906, novamente lhe é passada carta para celebrar com obrigação de fazer exercícios espirituais.

Depois disto, só existe uma carta de seu punho, escrita do Rio de Janeiro, em 14 de Setembro de 1909, morava, então, na Rua Malvino Reis nº 115.

O seu passaporte para o Brasil consta dos registos do Arquivo Distrital de Leiria, e tem data de 25-01-1908.Tinha então 35 anos.

É indesmentível que a dificuldade de adaptação e de enquadramento na esfera eclesiástica do Rio lhe criou problemas de ordem material.

Tendo-se ordenado de padre na diocese de Lisboa, tornava-se-lhe quase indispensável que o Patriarca lhe desse autorização para se ligar a outra diocese. É o que, em termos do Direito Canónico se diz “excardinar”.

Para obter essa autorização, escreveu ao Padre Júlio Pereira Roque a pedir-lhe que interfira na Cúria Patriarcal porque “dizem-me que o actual Patriarcha é bastante avesso a Demissórias, mas (…) tu tens a nobreza a teu lado”, alusão clara e certeira à Condessa da Penha Longa, de quem o destinatário era Capelão.

A licença foi despachada, e continuando no Brasil, veio a trocar o Rio de Janeiro pelo Amazonas, mais concretamente pela diocese de Manaus, aí exerceu o seu ministério, pelo menos na cidade de Itacoatiara, de que foi nomeado Vigário, cargo em que faleceu.

Esta entrada foi publicada em Biografias. ligação permanente.

Obrigado pela visita. Volte sempre!