Maio, o mês das flores, era antigamente nesta freguesia de Alqueidão da Serra, dedicado a Nossa Senhora.
Com delicadas flores do campo (maias, cachuchos, rosas albardeiras. etc.), entremeando com uma ou outra flor de jardim, grupos de raparigas compunham as ofertas.
Estas ofertas eram açafates de verga de forma redonda, onde eram colocadas as flores, e também produtos hortícolas que depois eram vendidos no adro. Um grupo de “ofertas”, tinha o nome de “rancho”.
Todos os anos, havia pelo menos dois: o do Alqueidão e o da Carreirancha, mas, há memória de se ter apresentado também um da Senhora da Tojeirinha, abrangendo a Rua de Cima, e outro de A-do-Ferreiro, junto com as Calçadas.
Cada “rancho” tinha a sua bandeira que era um modesto pedaço de pano-cru, sobre o qual fixavam um ou mais “santinhos”. O lugar do centro pertencia sempre a um registo de Nossa Senhora.
Abria o cortejo o menino escolhido para levar a bandeira, ladeado por mais dois se ela tinha borlas. Seguiam-se as meninas com as “ofertas” à cabeça.
Atrás, iam as raparigas organizadoras do “rancho”, com as pessoas que podiam e queriam juntar-se. Pelo caminho adiante, juntavam-se mais pessoas com “ofertas”, que se metiam no grupo respectivo.
A tradição oral afirma que esta prática religiosa vem de tempos que ninguém soube fixar e era vivida com muito fervor, no entanto ela foi sofrendo algumas modificações ao longo dos tempos.
Nas décadas de 30 e 40 as pessoas da aldeia ainda organizavam todos os domingos do Mês de Maio, procissões com cestas de flores e ofertas em honra de Nossa Senhora.
O Ti António Carreira saía da sua casa no cruto da Carreirancha segurando a bandeira, e as pessoas iam-se juntando ao cortejo, percorrendo todas as ruas da aldeia até chegar à Igreja, levando as suas ofertas.
Os fatos das crianças eram enfeitados com enleios (espécie de heras que trepavam pelos muros), e levavam cestos com lindas flores que tinham apanhado pelos campos.
Chegando à Igreja, as flores eram oferecidas a Nossa Senhora, enquanto se cantava:
Aqui tendes, ó Maria, Esta oferta de flores, Apanhadas pelos campos, Pelas mãos dos pecadores. Aqui estou, Virgem Senhora, Já contrita na verdade! Pedindo misericórdia, Perdão, perdão e piedade! Pela Vossa Conceição, Ó Maria Imaculada, Tornai bem puro o meu corpo, Minha alma santificada. Mãe de Deus, nós vos pedimos O perdão dos pecadores, Para que unidos na glória, Demos ao Filho louvores.Depois da missa, as ofertas eram colocadas à venda no Adro da Igreja.
Tudo terminou com a chegada do Rev.º Padre Manuel Ferreira, em Novembro de 1950. Por esta altura os ofertas foram substituídas por pequenos raminhos que as pessoas colocavam numa rede que tinha sido colocada para esse efeito junto ao altar de Nossa Senhora.
Esta prática, passado pouco tempo também deixou de se fazer, no entanto o Mês de Maio continuou a ter um significado importante para os habitantes da aldeia.
Permanece ainda o costume de rezar o terço todos os dias do Mês de Maio, em comunidade, na Igreja Paroquial ou na Capela. No fim do mês faz-se o encerramento do Mês de Maria com uma missa solenizada.
Celebramos o Dia da Mãe no primeiro domingo de Maio.
A 13 de Maio comemora-se aquele dia de 1917 em que Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos de Fátima. Alguns habitantes do Alqueidão presenciaram o milagre do sol, e durante toda a sua vida foram muito devotos de Nossa Senhora.
Há uma foto em que identificam como MAIAS uma flor, que não é de todo as Maias! A flor da foto (que tem um cheiro muito BOM, e então se estiver orvalhada, é magnifico!), chama-se MADRESSILVA. E MAIAS são as flores da GIESTA. Podem colocar estes 2 nomes no Google e ver as respectivas imagens…..!
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As flores que ornamentavam as ofertas para Nossa Senhora e às quais chamavam Maias, eram efetivamente Madressilva, mas eram conhecidas pelo nome de Maias. Eram as que existiam cá em baixo, as outras eram conhecidas pelo nome de Maias das Penas, e só existiam na Serra, no meio dos penedos ou seja nas penas do Ninho do Corvo, nas penas dos Vales, etc., e eram identificadas pelos pastores como sendo Maias das Penas. Obrigada pelo seu comentário.
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GOSTEI MUITO DE VER A MINHA SOGRA OBRIGADA POR TUDO , DEIXA-ME COM GRANDE SAUDADES
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