Cantavam-se nas vindimas, na apanha da azeitona, na ceifa, nos serões…
Estes rapazes de agora
Estes, que de agora são
Trazem o relógio ao peito
Não sabem que horas são.
Ando triste como a noite
Nem o dinheiro me alegra
Só me alegrava se visse
O meu amor nesta terra.
Minha mãe casai-me cedo
Enquanto sou rapariga
Moça casada velha
Nem dá palha nem dá espiga
Oh minha mãe quem me dera
Desatar o nó que eu dei
Oh filha não te casasses
que eu bem te avisei
O meu amor me deixou
Chora Lídia chora
Deixou, deixá-lo deixar
Chora Lídia chora
Ainda me deixou a tempo
Se eu com outro amor casar.
O meu amor me deixou
Chora Lídia chora
Pra ver o que eu fazia
Chora Lídia chora
Pensava que eu chorava
Chora Lidia chora
Eu canto com alegria
Deixá-la chorar
Que eu vou-me embora.
Anda lá para diante
O retiro do caminho
Chora, Lídia chora
Quem vai por amor a Deus
Chora Lídia chora
Não vai tão devagarinho
Chora, Lídia chora
que eu vou-me embora.
O meu amor é um bruto
Sempre o hei-de chamar
É o nome que eu lhe dou
Onde quer que eu vou chegar
Chora Lídia chora
Oh meu amor lá de longe
chega-te cá para o perto
Já me dói o coração
Em te ver nesse deserto.
Amor vem a minha casa
As vezes que tu quiseres
Olha que eu não vou à tua
Não estás dado às mulheres
Não atires com pedrinhas
Á barra da minha saia
Minha mãe não me criou
Para marotos de praia.
Se o meu amor bem soubesse
Que eu andava aqui cantando
Vinha de rua em rua
Pelo ar vinha voando
Oh mar alto, oh mar alto
Oh mar alto sem teres fundo
Mais vale andar no mar alto
Do que nas bocas do mundo.
Esta é que era a moda
que a Rita cantava
Lá na praia nova, olaré,
ninguém lhe ganhava
Lá na praia nova, olaré,
ninguém lhe ganhou.
Ninguém lhe ganhava,
ninguém lhe ganhou,
esta é que era a moda, olaré,
que a Rita cantava,
esta é que era a moda, olaré,
que a Rita cantou.
Pirulito que bateu, que bateu
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu.
(da tradição oral)