Em 10 de Novembro de 1899, em Alqueidão da Serra, nasceu Manuel de Matos. Era um dos filhos de Adriano de Matos e Doroteia Joana, neto paterno de António de Matos e Luciana de Oliveira.
Tinha 2 irmãos, mais novos:
O Joaquim de Matos que nasceu em 19 de Agosto de 1901, casou a 25 de Dezembro de 1927 com uma filha de Francisco Marto e Cecilia de Jesus Correia que se chamava Laura, e teve 7 meninas (Maria Manuela, Brigida, Virginia, Águeda, Maria José, Cecília e Mónica). Faleceu a 8 de Setembro de 1940 com 39 anos de idade.
O José de Matos que nasceu a 20 de Junho de 1903, casou em 28 de Julho de 1928 com uma filha da tia Amélia que também se chamava Amélia, e teve 8 filhos, sete meninos e uma menina, eram eles: José Acácio de Matos, Américo de Matos, Armando de Matos, Francisco Carlos da Encarnação Matos, Manuel da Encarnação Matos, Artur e Helena. Faleceu a 17 de Agosto de 1969 com 66 anos de idade.
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Adriano de Matos nasceu a 4 de Fevereiro de 1869 e foi batizado a 15 do mesmo mês e ano na Igreja Paroquial do Alqueidão da Serra. Quando era solteiro o Adriano gostava de correr atrás das raparigas, e um dia ao saltar uma parede a correr, caiu e ficou com um enorme galo na testa, logo toda a rapaziada troçando dele, lhe colocou a alcunha de “Galo”.
O Galo era agricultor, e casou em 08 de Janeiro de 1899 com Doroteia Joana, uma das 5 filhas de Manuel da Costa Rei e Felicidade Joana, neta paterna de Manuel da Costa Rei e Constãncia de Jesus. Todos os seus 3 filhos ficaram com a alcunha do pai, ou seja, Manuel de Matos Galo, Joaquim Galo e José Galo.
Sua esposa Doroteia nasceu a 7 de Abril de 1866 e foi batizada no dia 17 do mesmo mês e ano, na Igreja Paroquial do Alqueidão da Serra. Faleceu em 30 de Março de 1949 com 82 anos de idade.
Em 1917, quando Nossa Senhora apareceu em Fátima, Adriano Galo tinha 48 anos de idade. Ele foi testemunha ocular dos factos ocorridos em Fátima no dia 13 de outubro e disse que olhou perfeitamente para o sol sem este o incomodar e representou-se-lhe ver Nossa Senhora com o Menino Jesus no braço esquerdo e viu em roda do dito astro cores diferentes.
Quando faleceu em 18 Dezembro 1949, Adriano de Matos tinha 80 anos de idade.
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Manuel de Matos Galo, (o primeiro filho de Adriano Matos) nasceu a 10 de Novembro de 1899 e foi batizado no dia 19 do mesmo mês e ano na igreja paroquial do Alqueidão da Serra, casou em 19 de Setembro de 1928, (aos 29 anos de idade) com uma filha de Manuel Vieira Amado e Águeda de Jesus Roque, que se chamava Laura e tiveram 8 filhos, eram eles: João Bispo, Zica, Chico, Lhuca, Zé das Mantas, Helena, Sôr e Carmita.
Para sustentar a sua grande família, 0 Manuel Galo trabalhava na agricultura e na construção civil.
No tempo da guerra, as crianças passaram muita fome, tal como toda a gente da aldeia. Salazar dizia “livro-vos da guerra mas não da fome”, e assim foi… grande parte dos produtos alimentares produzidos em Portugal eram exportados para os países envolvidos no conflito, e por isso por cá havia grande escassez de produtos e fome. Os miúdos iam de madrugada para as filas com as senhas de racionamento, mas por vezes os produtos não chegavam para todos e eles voltavam para casa de mãos vazias.
Nesse tempo (anos 30 e 40) em casa do Manuel Galo comiam todos da mesma saladeira que se colocava no chão, e havia só uma colher. A mais esfomeada, logo de manhã cedo corria a esconder a colher para ser a primeira a comer. Um dia, a ti Celeste de Torres Novas, (irmã da mãe), trouxe colheres para toda a gente. Foi uma alegria.
Era uma sardinha para três, mas aquilo é que era uma sardinha boa! Nada que se compare como estas de agora…
Manuel Galo estava meses inteiros sem trabalhar por causa das crises do reumatismo e a esposa Laura é que tinha que colocar comida na mesa todos os dias, por isso ela ia pedindo broa aos vizinhos e quando finalmente podia cozer já devia a fornada quase toda. Tempos houve em que ela esperava que a galinha pusesse um ovo para poder comprar uma caixa de fósforos.
O Fiscal Costa quando passava na rua tinha o hábito de mandar umas moedas pelos buracos da porta do corredor, e de vez em quando por lá se achavam umas moedinhas que davam para pagar algumas coisas.
Lá em casa rezava-se o terço em família todos os dias, e havia uma grande devoção a Nossa Senhora. Era uma família muito alegre apesar das agruras da vida. O Manuel Galo contava histórias da Bíblia às crianças, nos serões de inverno à lareira, e sabia muitas lengalengas e cantigas.
O tempo foi passando e os filhos já podiam trabalhar para ajudar o pai, e para as despesas da casa. Fundaram a fabrica das mantas, tinham empregados e produziam mantas de lã nos teares. O Zé saía para vendar as mantas nos mercados e por isso era conhecido em todo o lado como “o Zé das Mantas”.
Depois os filhos casaram e alguns deles emigraram para fugir à miséria que se vivia em Portugal. Dois foram para França e três para o Canadá. Os que estavam na França vinham cá passar o verão e era uma alegria enorme estarem todos juntos de novo em casa dos pais.
O pai Manuel Galo faleceu em 13 de Setembro de 1972, com 73 anos de idade.
A mãe Laura de Jesus Amado, que era mais conhecida por ti Laura Sarrana, filha de Manuel Vieira Amado e Águeda de Jesus Roque (Serrana), sempre dizia que queria morrer a um sábado dia 13 (dia de Nossa Senhora) porque acreditava que Nossa Senhora a levaria para o Céu nesse mesmo dia, e efetivamente ela veio a falecer em 13 de Setembro de 1986, que era sábado, com 84 anos de idade.
A Zica deixou-nos em 09-04-1972, o Sôr em 17 de Junho de 1996 e 0 João em 19 de Agosto de 2008.

Os filhos, noras e genros em 2 de Agosto de 2011
Chegando a 2019
O Chico partiu em 17 de Janeiro e a Lhuca a 18 de Outubro do mesmo ano (2019).
120 anos depois, a 10 de Novembro de 2019, Manuel Galo tem 25 netos, 35 bisnetos, 10 trinetos, e por aí vai…
Notação : A Luciana de Oliveira, chamava-se Luciana de Jesus Oliveira Amado, nasceu em 1828, filha de João Vieira Amado e de Maria de Oliveira Cecílio. Neta paterna de Alexandre Vieira Amado e Maria da Silva e de Francisco da Silva Cecílio e de Maria de Oliveira.. Casou Luciana , creio que em 1859 com António de Matos.
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Obrigada Dulce por esta partilha.
Gostei imenso, de conhecer, o desconhecido da vossa origem. É interessante o teu conhecimento. Gostei também muito, das fotografias; que lindas recordações!!!! Mais não podia ter gostado! Um beijo!!!
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Lindas memórias. Valorizar nossos antepassados e a gratidão por estarmos aqui!!!!!Nossa História!!!
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